Bendito seja o sábio que proclamou:
“Deus nos deu dois olhos, dois ouvidos e apenas uma boca”, numa clara mensagem
de que devemos ouvir mais, ver mais e falar menos. O povo, na sua infinita
sabedoria, diz que “quem fala demais dá bom dia a cavalo”. E foi exatamente o
que fizeram ambientalistas, professores, artistas, políticos e toda uma fauna
de pseudo intelectuais e celebridades que criticaram a abertura por parte do
governo federal, de uma área de garimpo na floresta Amazônica. Agora estão
todos amuados, com a língua devidamente enfiada no monossílabo, porque foi
revelado que não se trata de uma reserva florestal, mas sim, de uma reserva de
cobre, criada ha décadas, e que, ao que tudo indica, não tem cobre. Coisas
típicas de governos brasileiros.
Eu tenho defendido insistentemente que
devemos deixar comentários para quem é especialista nos assuntos em pauta.
Jornalistas, intelectuais, artistas, celebridades e o povo em geral, podem e
devem opinar sobre assuntos do seu cotidiano, da sua atividade profissional,
deixando as especialidades para os especialistas. Eu não concordo, por exemplo,
que um sujeito mal saído do curso de jornalismo, comece a botar falação sobre
todo e qualquer assunto como se fosse perito em tudo. O conhecimento acadêmico
nos inicia em técnicas a ser utilizadas no exercício da profissão que
escolhemos, e o trabalho cotidiano nos acrescenta continuamente experiência e
conhecimento. Somo eternos aprendizes. Eu aprendi no breve curso de jornalismo que
recebi, técnicas sobre como escrever textos para jornais, rádio e TV, mas
escrever e falar eu já havia aprendido nas escolas e no dia a dia. E, para
encerrar, repito que escola não faz de um idiota um sábio. A inteligência é
inata. Assim como a burrice.
Voltando ao tema “ecologia”, lembro que
nos anos 80, já atuando como jornalista, abriu-se uma polêmica sobre o
aterramento ou não da Lagoa do Prato Raso, um banhado que se situava margeada
pela rua Intendente Abdon a Leste, a rodovia BR-116 Norte, também conhecida
como Transnordestina, a Oeste, o centro da cidade ao Sul, e os conjuntos
habitacionais Milton Gomes e Centenário, a Oeste. Os “ecologistas” iniciaram
uma campanha contra a destruição do que eles chamavam de “sistema ecológico”, e
eu, morador da vizinhança, chamava de Lagoa Fedorenta. A antiga lagoa do Prato
Raso, que já havia sido dividida pela BR-116 Norte (do lado Oeste foi
urbanizada e hoje se chama Lagoa do Geladinho), não passava de uma poça espremida
entre os conjuntos habitacionais, a rodovia e uma parte do Bairro da
Queimadinha, e dentro dela despejavam seus esgotos sanitários. O tal “Sistema
Ecológico” era formado por minúsculos peixes, sapos, cobras, ratos, e muitos
insetos como baratas e mosquitos. E fedia. Como fedia.
Enquanto as discussões ocupavam espaço
na câmara Municipal, na Imprensa e nas ruas, servindo de cavalo de batalha para
políticos em campanha, o que restava da lagoa continuava sendo invadido sem que
nenhuma decisão fosse tomada, até que alguém descobriu que já não se tratava de
uma invasão, mas de uma extensão do bairro da Queimadinha, pois já havia
escritura dos terrenos e imóveis, e foram feitas ligações oficiais de água e
energia, com ruas e endereço postal.
Às vezes passo de carro pela avenida e
vejo algumas plantas aquáticas que indicam que ainda há umidade ali, mas as
próprias plantas são indicativos do alto grau de poluição. A Lagoa Fedorenta,
que ajudou a eleger tantos políticos, está nos estertores da morte e parece que
não vão sequer hastear a bandeira do município a meio pau no pátio da Câmara
Municipal.
Oremos!
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