A celebração foi criada em homenagem ao poeta Carlos Drummond de
Andrade, um dos principais nomes da literatura brasileira, que faria aniversário
na data. O IPL comemora o dia com gravações originais de poemas declamados pelo
próprio autor
O Dia Nacional da Poesia, antes comemorado
no dia 14 de Março, data de nascimento de Castro Alves, foi oficializado por meio da lei nº
13.131, de 3 de junho de 2015. O dia 31 de outubro remete à data de
nascimento de Drummond, conhecido por ser um dos principais nomes da segunda
geração do Modernismo brasileiro. A data, além de homenagear os poetas em
geral, também serve para lembrar a riqueza e importância cultural que a arte
poética representa.
A poesia brasileira é um dos nossos
patrimônios culturais. São inúmeros os nomes reconhecidos e premiados
internacionalmente. Esses autores são responsáveis por, em períodos distintos,
contar a história do povo brasileiro e apresentar suas impressões sobre o mundo
e os outros. Alguns nomes tiveram maiores destaques, tais como Castro
Alves e Carlos
Drummond de Andrade.
Peculiarmente distintos, são poetas que
embelezam a literatura brasileira. Antônio Frederico de Castro Alves, baiano,
lutou por causas nobres, tais como a defesa da República, e ficou conhecido
como o poeta dos escravos. Um dos seus poemas mais conhecidos é Navio Negreiro:
Trecho
do poema “O Navio Negreiro (Tragédia no Mar)”
“‘Stamos em pleno mar… Doudo no espaço
Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm… cansam
Como turba de infantes inquieta.
Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm… cansam
Como turba de infantes inquieta.
‘Stamos em pleno mar… Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro…
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro…
Os astros saltam como espumas de ouro…
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro…
‘Stamos em pleno mar… Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes…
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?…
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes…
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?…
[...]
Donde vem? onde vai? Das naus errantes
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?
Neste saara os corcéis o pó levantam,
Galopam, voam, mas não deixam traço.“
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?
Neste saara os corcéis o pó levantam,
Galopam, voam, mas não deixam traço.“
Drummond
Um dos maiores nomes da poesia
brasileira de todos os tempos, Drummond levou uma existência aparentemente
modesta e avessa aos holofotes enquanto burilava uma obra vasta e rigorosa.
Vivendo no Rio de Janeiro entre 1934 e 1987, o mineiro atravessaria boa parte
do século XX produzindo poesia, crônica para os jornais e marcando, sobretudo
com sua obra, todas as gerações posteriores da literatura produzida no Brasil.
O poeta ainda é um dos autores
brasileiros mais lidos, de acordo com a Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil,
realizada pelo Instituto Pró-Livro: Drummond é apontado no levantamento como o
oitavo autor preferido dos leitores no país, à frente de José de Alencar e
Cecília Meireles. Também figura entre os cinco autores mais conhecidos, em
pergunta feita de maneira aberta aos respondentes. Veja a seguir um dos seus
poemas.
Amar
Que
pode uma criatura senão entre criaturas, amar?
Amar
e esquecer?
Amar
e malamar
Amar,
desamar e amar
Sempre,
e até de olhos vidrados, amar?
Que
pode, pergunto, o ser amoroso,
Sozinho,
em rotação universal,
se
não rodar também, e amar?
Amar
o que o mar trás a praia,
O
que ele sepulta, e o que, na brisa marinha
é
sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar
solenemente as palmas do deserto,
o
que é entrega ou adoração expectante,
e
amor inóspito, o áspero
Um
vaso sem flor, um chão de ferro, e o peito inerte,
e
a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.
Este
é o nosso destino:
amor
sem conta, distribuído pelas coisas
pérfidas
ou nulas,
doação
ilimitada a uma completa ingratidão,
e
na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente,
de mais e mais amor
Amar
a nossa mesma falta de amor,
e
na secura nossa, amar a água implícita,
e
o beijo tácito e a sede infinita.
Fontes: Site Carlos
Drummond de Andrade, do Ministério da Cultura, Mundo Educação e Calendarr Brasil e Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil.
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