quarta-feira, 31 de outubro de 2018

31 de outubro: Dia Nacional da Poesia




A celebração foi criada em homenagem ao poeta Carlos Drummond de Andrade, um dos principais nomes da literatura brasileira, que faria aniversário na data. O IPL comemora o dia com gravações originais de poemas declamados pelo próprio autor

O Dia Nacional da Poesia, antes comemorado no dia 14 de Março, data de nascimento de Castro Alves,  foi oficializado por meio da lei nº 13.131, de 3 de junho de 2015. O dia 31 de outubro remete à data de nascimento de Drummond, conhecido por ser um dos principais nomes da segunda geração do Modernismo brasileiro. A data, além de homenagear os poetas em geral, também serve para lembrar a riqueza e importância cultural que a arte poética representa.


A poesia brasileira é um dos nossos patrimônios culturais. São inúmeros os nomes reconhecidos e premiados internacionalmente. Esses autores são responsáveis por, em períodos distintos, contar a história do povo brasileiro e apresentar suas impressões sobre o mundo e os outros. Alguns nomes tiveram maiores destaques, tais como Castro Alves e Carlos Drummond de Andrade.

Peculiarmente distintos, são poetas que embelezam a literatura brasileira. Antônio Frederico de Castro Alves, baiano, lutou por causas nobres, tais como a defesa da República, e ficou conhecido como o poeta dos escravos. Um dos seus poemas mais conhecidos é Navio Negreiro:



Trecho do poema “O Navio Negreiro (Tragédia no Mar)”

“‘Stamos em pleno mar… Doudo no espaço
Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm… cansam
Como turba de infantes inquieta.

‘Stamos em pleno mar… Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro…
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro…

‘Stamos em pleno mar… Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes…
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?…

[...]

Donde vem? onde vai? Das naus errantes
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?
Neste saara os corcéis o pó levantam,
Galopam, voam, mas não deixam traço.“

Drummond

Um dos maiores nomes da poesia brasileira de todos os tempos, Drummond levou uma existência aparentemente modesta e avessa aos holofotes enquanto burilava uma obra vasta e rigorosa. Vivendo no Rio de Janeiro entre 1934 e 1987, o mineiro atravessaria boa parte do século XX produzindo poesia, crônica para os jornais e marcando, sobretudo com sua obra, todas as gerações posteriores da literatura produzida no Brasil.

O poeta ainda é um dos autores brasileiros mais lidos, de acordo com a Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Instituto Pró-Livro: Drummond é apontado no levantamento como o oitavo autor preferido dos leitores no país, à frente de José de Alencar e Cecília Meireles. Também figura entre os cinco autores mais conhecidos, em pergunta feita de maneira aberta aos respondentes. Veja a seguir um dos seus poemas.



Amar
 

Que pode uma criatura senão entre criaturas, amar?

Amar e esquecer?

Amar e malamar

Amar, desamar e amar

Sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso,

Sozinho, em rotação universal,

se não rodar também, e amar?

Amar o que o mar trás a praia,

O que ele sepulta, e o que, na brisa marinha

é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,

o que é entrega ou adoração expectante,

e amor inóspito, o áspero

Um vaso sem flor, um chão de ferro, e o peito inerte,

e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.

Este é o nosso destino:

amor sem conta, distribuído pelas coisas

pérfidas ou nulas,

doação ilimitada a uma completa ingratidão,

e na concha vazia do amor a procura medrosa,

paciente, de mais e mais amor

Amar a nossa mesma falta de amor,

e na secura nossa, amar a água implícita,

e o beijo tácito e a sede infinita.



Fontes: Site Carlos Drummond de Andrade, do Ministério da Cultura, Mundo Educação e Calendarr Brasil e Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil.


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