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Cesar Oliveira |
Sartre dizia
que a liberdade era absoluta ou não existia, e que estamos condenados a
sermos livres. Esse é nosso destino, mas não creio que exista forma
absoluta, afinal, estamos sempre delineados pelas memórias, afetos,
experiências, fé, ou falta dela, portanto, toda escolha condicionada é
um limite a essa liberdade. A grande busca é aproximar a liberdade
vivida da liberdade desejada, ou que aceitamos como suficiente. Nós
somos o limiar de nossas concessões.
É mais fácil
entender a liberdade em outro sentido. Hobbes afirmou que a liberdade
natural, ilimitada, foi trocada pela liberdade civil, ao criarmos o
Estado sob forma contratualista e esse passar a determinar os limites
dessa liberdade. Locke rebateu afirmando: “Cedendo seus direitos ao
Estado, os homens quiseram instituir um órgão que lhes garantisse a paz,
a prosperidade e a justiça. Se o Estado se desvia de sua finalidade, se
falha em relação aos seus objetivos deve ser dissolvido para que outro
se organize”.
Nos dias atuais, em que a primeira geração
desse terceiro milênio chega à maioridade, a liberdade parece um bem
imperecível, depois que o Ocidente livre prevaleceu sobre o Nazismo e a
Cortina de Ferro, do Comunismo, mas a verdade é que o exercício dessa
liberdade civil está sempre sob ameaça. Não são poucos os que desejam o
Estado Leviatã, regulador ao extremo, em que nada existe fora do Estado.
Ele serve aos instintos mais primitivos de dominação, do homem.
A situação atual é mais grave porque as ameaças deixaram
de se mostrar com armas em punho, e passaram a ocupar sutilmente o
discurso, as idéias, os corações, infiltrando-se lentamente na Sociedade
para diluir valores conservadores, referenciais históricos e
institucionais, estruturas familiares, com objetivo de fortalecer o
estado tutor, paternalista, regulador onipotente.
Além dos
partidos que ocupam as mentes e corações das universidades, da mídia e
dos formadores de opinião, passamos a ter grupos de pressão, que se
utilizam de diversos discursos para estabelecer limites de ação ao outro
e detentores dos meios eletrônicos de comunicação que usam sem pudor
todas as possibilidades dessa dominante forma de rede social.
Aos poucos, estamos sendo encarcerados, dominados em nossa
linguagem- o princípio de toda dominação é a dominação da palavra-, e o
que é assustador, muitas vezes com a concordância do dominado que
acreditar estar sob princípios razoáveis, e cede ao novo contratante.
Como bem disse Manon Roland, antes de ser guilhotinada: Ó Liberdade,
quantos crimes cometem-se em teu nome.
Os inimigos da
liberdade estão sempre de prontidão, ávidos para dilapidarem a condição
essencial de nossa existência, o que exige do indivíduo uma permanente
capacidade de identificar e reagir, para manter-se livre: "Liberdade!
Liberdade! Abre as asas sobre nós!"
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