segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Expansão do acesso à internet está desacelerando, diz estudo

Em junho de 2018, a internet chegou à marca de 4 bilhões de usuários. Mas isso também significa que 3,6 bilhões de pessoas ainda estão fora da revolução digital. De acordo com um relatório compartilhado com o jornal inglês The Guardian, essas pessoas desconectadas ainda estão distantes de ficar online, pois está ocorrendo uma desaceleração dramática no crescimento global do acesso à internet. Apesar de a cada ano mais pessoas terem acesso a rede, o crescimento do acesso a ela está diminuindo. Em 2007, a taxa de crescimento era de 19%. Já no ano passado ela foi de 6%.
O relatório, que se baseia em dados da ONU, será publicado no próximo mês pela Web Foundation, uma organização criada pelo inventor da world wide web, Tim Berners-Lee — que recentemente criou a plataforma Solid, para tentar “consertar” deficiências da internet. Para Dhanaraj Thakur, diretor de pesquisa da Web Foundation, o mundo subestimou a desaceleração, e a baixa taxa de crescimento é preocupante. “O problema de ter algumas pessoas online e outras não é que você aumenta as desigualdades existentes”, afirmou.

Segundo o relatório, dos 3,6 bilhões que permanecem desconectados, uma proporção alarmante é de mulheres. Em áreas urbanas pobres, o dobro de homens tem acesso a rede. Segundo os dados, a persistente diferença salarial entre homens e mulheres desempenha um papel importante na divisão digital entre os sexos, mas não é o único fator. “As mulheres são mais propensas a ficar de fora por causa das desigualdades econômicas e, em grande medida, das normas sociais”, disse Nanjira Sambuli, que lidera os esforços da fundação para promover o acesso igualitário à web. “Em algumas comunidades, toda a ideia de mulheres possuírem algo próprio, até mesmo um telefone celular, é desaprovada”.
O relatório também foca em todas as oportunidades perdidas por quem está sem acesso a rede: “À medida que nosso dia a dia se torna cada vez mais digital, essas populações offline continuarão sendo empurradas para as margens da sociedade”, afirma o documento. Ele destaca que, além das perdas econômicas, as pessoas desconectadas são impedidas de participar de debates públicos online, plataformas de educação, grupos sociais e meios simples para acessar serviços governamentais digitais, como o preenchimento de impostos e a solicitação de carteiras de identidade. (Super Interessante)

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