Em junho de 2018, a internet chegou à marca de 4 bilhões de usuários.
Mas isso também significa que 3,6 bilhões de pessoas ainda estão fora
da revolução digital. De acordo com um relatório compartilhado com o
jornal inglês The Guardian, essas pessoas desconectadas ainda
estão distantes de ficar online, pois está ocorrendo uma desaceleração
dramática no crescimento global do acesso à internet. Apesar de a cada
ano mais pessoas terem acesso a rede, o crescimento do acesso a ela está
diminuindo. Em 2007, a taxa de crescimento era de 19%. Já no ano
passado ela foi de 6%.
O relatório, que se baseia em dados da ONU, será publicado
no próximo mês pela Web Foundation, uma organização criada pelo inventor
da world wide web, Tim Berners-Lee — que recentemente criou a plataforma Solid,
para tentar “consertar” deficiências da internet. Para Dhanaraj Thakur,
diretor de pesquisa da Web Foundation, o mundo subestimou a
desaceleração, e a baixa taxa de crescimento é preocupante. “O problema
de ter algumas pessoas online e outras não é que você aumenta as
desigualdades existentes”, afirmou.
Segundo o relatório, dos 3,6 bilhões que permanecem desconectados,
uma proporção alarmante é de mulheres. Em áreas urbanas pobres, o dobro
de homens tem acesso a rede. Segundo os dados, a persistente diferença
salarial entre homens e mulheres desempenha um papel importante na
divisão digital entre os sexos, mas não é o único fator. “As mulheres
são mais propensas a ficar de fora por causa das desigualdades
econômicas e, em grande medida, das normas sociais”, disse Nanjira
Sambuli, que lidera os esforços da fundação para promover o acesso
igualitário à web. “Em algumas comunidades, toda a ideia de mulheres
possuírem algo próprio, até mesmo um telefone celular, é desaprovada”.
O relatório também foca em todas as oportunidades perdidas por quem
está sem acesso a rede: “À medida que nosso dia a dia se torna cada vez
mais digital, essas populações offline continuarão sendo empurradas para
as margens da sociedade”, afirma o documento. Ele destaca que, além das
perdas econômicas, as pessoas desconectadas são impedidas de participar
de debates públicos online, plataformas de educação, grupos sociais e
meios simples para acessar serviços governamentais digitais, como o
preenchimento de impostos e a solicitação de carteiras de identidade. (Super Interessante)
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