
Desejamos o sucesso sem esforço, e desaprendemos a rara sensação de
realização por uma vida justa, e reta. Superficializamos nosso
desempenho e potencialidades em troca da fuga da responsabilidade, da
terceirização da culpa, do comodismo leniente e oportunista, como se ir
em frente, não exigisse gasto, aprofundamento, resistência, e dedicação
absoluta.
Deixamos a ambição do grande- que é feito de glórias e dores-, pelo
apogeu do médio- que é feito de renúncia e mesmice-, como se a vida
fosse uma oportunidade limitada.
Desaprendemos, o dever de agradecimento entre amigos e entre pais e
filhos, como se receber fosse um direito e retribuir, apenas, uma opção.
Tornamos líquido e optativo a preservação dos afetos e sólido e
obrigatório a apoteose da individualidade, como se a permanência não
exigisse lealdade, compreensão e, por vezes, tolerância.
Progressivamente, nos despersonalizamos, pois, viver, no padrão que
estão nos impondo, exige uma voraz dedicação em repetir os modos,
consumos, estilos, alheios, que de escolha própria, mal escolhemos a
solidão. Nos tornamos acrobatas sociais e adotamos performances além de
nossos próprios limites, pelo desejo de inclusão e similaridade.
A vida tem se tornado muito exigente, externamente, cara, intolerante,
quase vil, e sem perenidade nos valores e sentimentos, como se fossem
permutáveis quando, em verdade, são insubstituíveis pela memória que
retém, signo, símbolo e cais que representam.
A vida tem se tornado dura, mas é preciso que nós, os que amam, os que
se creem e se recusam a ter aceiros na alma, lutemos pelos altares, para
que permaneçamos imperecíveis. No outro...
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