
De um lado há os que acham que o fato de serem guerrilheiros e
desejarem implantar um ditadura comunista, como já revelou o
ex-guerrilheiro Fernando Gabeira, é motivo suficiente para que fossem
executados, esquecendo que ao assumirem essa posição tornam-se iguais e
justificam as ações dos comunistas quando chegam ao poder. Há os que
apelam para o fato que estes guerrilheiros executaram civis, militares,
fizeram tribunais de exceção sem nenhum critério e mataram companheiros
que consideravam traidores, como se isso fosse autorização para o Estado
justificar sua ação criminosa, agindo sem o respeito à lei.
Por outro lado, há os que negam os objetivos da guerrilha, o
totalitarismo com que costumam agir, e as vítimas inocentes que fizeram,
em atentados, como se não tivessem de pedir desculpas à sociedade.
Outros dizem que o passado não tem importância e a história não deve
cumprir seu papel; e há os que enxergam, apenas, um ato político contra
um candidato militar, como se isso superasse o fato em si, em sua
crueza.
A revelação do documento não pode ser tomada como argumento de
torcida, de nenhum lado. Ele é duro, violento, bruto em sua realidade e
doloroso a muitas famílias. Ainda, que se tente compreender o papel
das Forças Armadas em combater uma guerrilha armada- onde havia gente
lutando pelo poder e gente que acreditava, honestamente, em libertar o
país, da ditadura-, e que se justifiquem os mortos em combate, não se
pode aceitar, sob argumento algum, a execução de prisioneiros- seja quem
for- sob custódia do Estado. Isso é barbárie e não pode ser
compreendido como legítimo por nenhuma sociedade, nem deve ser
esquecido, pois, toda vez que esquecemos, toda vez que a história se
omite em narrar a realidade, aprofundamos a chance de recairmos no erro.
O fato, no entanto, não impacta no papel e comportamento atual das
Forças Armadas.
O que é lamentável, é que todos tentem justificar, seus atos, quando
não há justificativa para nenhum dos excessos. Dois erros, não fazem um
acerto.
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