O Dia de Finados é lembrado neste sábado (2) com diversas celebrações e homenagens pelo país. Durante o feriado, são realizadas missas em memória daqueles que já se foram e, além disso, os cemitérios ficam abertos em horário especial para receber os visitantes. Diante de tantas formas de interpretar a morte, veja o que líderes religiosos dizem para entender o significado dela em diferentes óticas.
As religiões escolhidas possuem ideias variadas sobre a maneira de interpretar a partida de alguém. Confira a seguir e conheça mais sobre o significado da morte no budismo, islamismo, judaísmo, espiritismo, umbanda e cristianismo.
Budismo
Kelsang Geden é monge budista há 16 anos e ministra aulas no Centro Kadampa, em
Campinas. Segundo ele, na religião budista, a morte significa o começo de uma
próxima vida e, por isso, ela é apenas uma passagem, onde não importa o que
aconteça com o corpo da pessoa, mas ela terá um recomeço.
"Então, a vida, no fundo, para nós não acaba. Nós budistas nos preparamos
pra hora da morte. Tentando morrer de maneira calma, serena e manter uma mente
serena na hora da morte”, afirmou Kelsang Geden.
Cristianismo
No caso da religião católica, é trabalhado o princípio da ressureição. De acordo com o padre Antonino Fernandez, da Igreja de Santo Antônio, no bairro Ponte Preta, não é possível ser cristão se não acreditar que existe outra vida. Ele ainda afirmou que "Cristo ressuscitou com a premissa de que todos que creem também vão ressuscitar".
"O Dia de Finados, para nós que cremos na ressurreição, é a recordação
saudosa daqueles que amamos na vida, mas não é de desespero. Uma pessoa que não
crê na ressurreição não pode ter uma alegria completa nesta vida, se tudo
acabasse com a morte a vida seria muito triste. Para nós, o Dia de Finados não
é um dia para ser lembrado como algo que foi definitivo, mas com uma saudade do
passado e ao mesmo tempo para crermos que a nossa oração para os que se foram
tem fundamento", explicou.
Espiritismo
O Centro de Estudos Espíritas Nosso Lar é um dos locais que promove a religião
espírita em Campinas. Emanuel Cristiano, presidente da entidade, é médium e
autor de livros pscicografados. Para ele, no espiritismo não existe morte e o
Dia de Finados não é celebrado por reconhecerem que a partida de alguém faz
parte da vida e é um estado de transição para o espírito imortal.
"Os espíritas não cultivam essa data, porque para nós não há morte. Mas,
aproveitamos as tradições para instruir e orientar as pessoas sobre a condição
imortal do ser e de que a morte não nos separa definitivamente, e sim nos
transforma para uma nova realidade”, disse o presidente do centro de estudos.
Islamismo
O professor titular do Instituto de Biologia da Unicamp e presidente da
Sociedade Islâmica de Campinas, Mohamed Habib, de 74 anos, afirmou que a morte
para os muçulmanos é um término de uma fase rápida e de curta duração. Ao
encerrar esse período, inicia-se a preparação para o processo de ressucitação
no dia do juízo final, onde acontece a prestação de contas daquilo que
aconteceu durante a vida.
"A qualidade da eternidade depende da qualidade de como nós passamos a
nossa vida mundana aqui. Se for pelo bem ou pelo mal. Se for pelo bem, seremos
então agraciados pela premiação e pela recompensa do divino. Se for uma
passagem com base de erros, pecados e desrespeito ao próximo, aí teremos a
penalidade (...). Na medida em que a pessoa tiver uma crença mais profunda, a
dor da morte se torna mais reduzida", contou Habib, que também é
presidente do Instituto da Cultura Árabe no Brasil.
Judaísmo
Na religião judaica, a morte é encarada como uma passagem e um acontecimento
natural, onde existe um processo de luto que não se fala de perda, mas sim de
tudo o que a pessoa conquistou e foi durante a vida. A informação é do diretor
religioso da Sociedade Israelita Brasileira Beth Jacob, Ricardo Puccetti. A
sinagoga recebe cerca de 100 famílias para celebrar as festas judaicas, além de
abrir uma escola para 15 crianças.
"O funeral no judaismo é feito de um dia para o outro, é muito rápido. A
partir do momento que a pessoa é enterrada, contam-se 7 dias. O nome desse
período é Shiva. Nessa período, a família fica em casa e não faz nada. As
pessoas vão lá e todo dia e fazem uma oração chamada Cadish, que em nenhum
momento fala de morte. Esse momento é mais uma conversa, tem mais o sentido de
memória e não de uma coisa pesada", explicou Puccetti.
Umbanda
De acordo com o babalorixá Edilson Marcos Vicentim, de 56 anos, a morte não
existe na umbanda. Ela é o momento em que o espírito se liberta do corpo e, em
muitos momentos, não se encontram no campo espiritual e precisam de apoio e
orientação. A ideia da religião é trabalhar para esses espíritos consigam
acessar um novo plano.
"Isso acontece muito com pessoas que tem uma morte súbita, que não
esperavam por isso, pois não estavam doentes. Esses espíritos ficam vagando.
Quando alguém morre, nós também fazemos rituais internos e correntes de oração
para o desprendimento do físico”, comentou Vicentim.
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