domingo, 17 de novembro de 2024

 

‘Tema Livre’

 

Infindáveis, são as impertinências

a nos turvar a mente,

quando, descompromissados, encaramos

o sideral mundo-mágico das palavras.

 

Tanto seja, entre as concatenadas,

amigas-íntimas do viver-saber do poeta,

quanto às edulcoradas pela poesia

brotada em corações sensíveis,

sem esquecer outras mais,

as que desnudam segredos,

reveladoras de feitos,

sepultados em covas-rasas da memória.

 

Ante espectro de tal amplitude,

um ‘tema livre’, em vez de nos orientar à precisão

dos concêntricos círculos de um alvo;

esfumaça a linha do horizonte,

tonteia-nos,

como se birutas, fôssemos.

 

O somatório de tais incômodos,

converte em jogo – delicioso, diga-se –

o trazer à tona, o dar-se vida a um tema,

livre de quaisquer vínculos

pessoais, temporais, específicos ou gerais.

 

O que nos restará, então?

 

Talvez, um texto-passarinho,

em seu primeiro voo, ao redor do ninho.

Talvez, um não dizer, dizendo;

um não ser, sendo;

um não saber, sabendo.

 

Talvez, um rimar outro. algo maroto,

Um fundir verdade com sinceridade.

 

Talvez, uma só rima.

Talvez, um só talvez, ali na esquina.

 

Talvez, um viva à liberdade!

Sem princípio, meio e fim.

 

Simples, assim!

  

  Hugo Adão de Bittencourt Carvalho (1941), economista, cronista, é autor do livro virtual

Bahia – Terra de Todos os Charutos, das crônicas Fumaças Magicas e Palavras ao Vento,

participa do Colares – Coletivo Literário Arte de Escrever. Vive em São Gonçalo dos Campos - BA

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