terça-feira, 5 de novembro de 2024

Feira em História - Renato Azevedo: um herói que não pode ser esquecido

O meia-atacante garantiu para o Fluminense a primeira faixa de campeão baiano de um time do interior, o que lhe valeu, inclusive, o título de Touro do Sertão

Simples, talentoso, amigo, ele foi autor do gol do Fluminense na vitória de 2 a 1 contra o Bahia na Fonte Nova, que deu ao time feirense o título estadual de 1963. Foi artilheiro nos Estados Unidos e no México, onde se radicou e faleceu, mas nunca deixou de ser o herói do torcedor feirense.

Herói é assim que definimos aquele que se notabiliza por ações importantes em favor de outrem, ou da sociedade, em diferentes campos e maneiras. Ao final da II Guerra Mundial, muitos foram proclamados como heróis de maneira justa e indiscutível. Mas há outras formas de heroísmo, talvez não tão significativas, mas de algum modo também marcantes.

Em 1963, um jovem iraraense, radicado em Feira de Santana, tornou-se herói sem fuzil e sem granada, mas com uma bola de couro no antigo estádio da Fonte Nova — hoje uma bela e confortável edificação com o título de "arena". Renato Costa Azevedo, com 21 anos, depois de uma rápida passagem pelo Bahia de Feira, time amador, foi aportar no Fluminense de Feira, que tinha um supertime de aspirantes, categoria hoje substituída pelo "sub-20", de pouco significado.

Em 1961, o Fluminense foi bi-campeão invicto de aspirantes, fato inédito na Bahia, com 15 vitórias em 16 jogos, um empate, 63 gols marcados e 12 sofridos. O único time que conseguiu tirar um ponto do tricolor — que ainda não era chamado de "Touro" — foi o Ypiranga, que conseguiu empatar em 1 a 1. Como os jogos do campeonato profissional tinham preliminares com as respectivas equipes de aspirantes, a torcida chegava mais cedo aos estádios para ver a rapaziada do Flu "passear" sobre os adversários.

Só o atacante Almeida marcou 24 gols, mais do que o total de gols de cada um dos outros times. Em 1963, com apenas três reforços — os extremos Dagoberto e Iroldo, ambos de 19 anos, emprestados pelo Botafogo do Rio de Janeiro, e o meia Ary, ex-jogador do mesmo clube — o Fluminense de Feira foi campeão baiano, derrotando o chamado invencível EC Bahia na Fonte Nova por 2 a 1.

Vale lembrar que o Bahia saiu na frente com um gol de Biriba, e a torcida do time da capital começou a comemorar mais um título, que parecia óbvio. Ninguém esperava, mas o ponta-esquerda cearense Iroldo empatou e, na etapa final, o meia-atacante Renato Azevedo garantiu para o Fluminense a primeira faixa de campeão baiano de um time do interior, o que lhe valeu, inclusive, o título de Touro do Sertão.

Simples, sem ostentação, Renato Costa Azevedo assim continuou, mas logo chegaram propostas e, pouco depois, o caminho foi o futebol pernambucano, passaporte para o futebol dos Estados Unidos e do vizinho México, onde, durante anos, manteve a fama de artilheiro. Admirado por norte-americanos e mexicanos, Renato constituiu família no México, onde se fixou e manteve empreendimentos.

Todavia, jamais esqueceu suas origens e amigos que ele prezava com fidelidade, visitando o Brasil uma ou duas vezes por ano, passando dias em Irará, onde nasceu, e em Feira de Santana, da qual se tornou herói! Renato Costa Azevedo faleceu no mês de abril de 2023, no México, tendo o corpo cremado, conforme desejo expresso à família. Mas a torcida do Fluminense não o esquece, nem pode. Ele continua sendo o herói de 1963!

Por: Zadir Marques Porto

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