domingo, 9 de dezembro de 2012

Eita perguntinha incômoda!



         Se um perguntador se aproximar de um trabalhador e começar a fazer perguntas, mesmo que imbecis, ele pode até nem se aborrecer. O perguntador pode querer saber qual a cor do cavalo branco de Napoleão, se a terra é redonda, se o sol é o centro do universo, se Jesus era casado ou se existe vida em Plutão. O trabalhador paciente responderá, porque ele não precisa parar o que está fazendo para responder, e dizer sim ou não, sem maiores explicações, é muito fácil.
         Mas tem uma pergunta que quando feita a terra treme. A maioria das pessoas se incomoda, engasga, se irrita, reage mal mesmo. É a tal do “Por Que?”. São as respostas aos “Por Quês” que geram transformações pelo mundo afora. Dar uma resposta qualquer a qualquer pergunta, é fácil, mas explicar é que é difícil.
         Imaginemos que após um lauto piquenique sobre a relva verdejante da Inglaterra, à margem de um belo lago, Sir Isaac Newton estivesse tirando sua soneca sob uma macieira e, de repente, uma mísera maçã caísse sobre a sua cabeça e ele, cheio de fleugma britânica apenas olhasse para o fruto caído e resmungasse: “How annoying!” – E voltasse a dormir.
         Mas, não foi assim. Dono de espírito inquieto e curioso, o lorde inglês ficou ali a matutar sobre as razões que levaram a maçã a cair. “Ora, -direis – frutos caem das árvores”. Sim. Mas, por que? Qualquer objeto para subir necessita de uma força de impulso, e ainda assim, caso não receba impulso suficiente para deixar a camada atmosférica da Terra, voltará ao solo sem que ninguém o jogue de volta.
         “Êpa”! - Piscou o lorde – “Desde que não saia da camada atmosférica”. E por aí ele começou a descobrir a Lei da Gravidade, que ao contrário do que já imaginaram alguns políticos que tentaram revogá-la, não se trata de uma Lei Federal, mas sim da Lei de Newton, segundo a qual a atração gravitacional da Terra confere peso aos objetos e faz com que caiam ao chão quando são soltos no ar.
         Permitam-me abrir um parêntese para um pequeno comentário sobre a maçã: Já repararam que ela está sempre no centro dos acontecimentos? Começou lá no Jardim do Éden. Eva comeu uma maça e descobriu a Lei da Gravidez. Ela levou Sir Isaac Newton a descobrir a Lei da Gravidade. Guilherme Tell teve seu talento posto à prova tendo que acertar uma flechada numa maçã posta na cabeça do seu filho. A Bruxa Malvada usou uma maça para mergulhar Branca de Neve num sono profundo. Não por acaso a gravadora dos Beatles e a empresa de Steve Jobs se chamavam Apple, maçã em inglês.
         Mas deixemos de devaneios e voltemos aos porquês desta crônica. Espíritos inquietos não se conformam com respostas simples. Querem sempre saber “Por que”? Einstein quis saber por que os planetas e demais corpos celestes não se chocavam no espaço e mantinham sempre uma eqüidistância. Assim descobriu os grávitons. O casal Curie quis saber por que determinado metal brilhava no escuro, e descobriu a radioatividade. Creio que um troglodita observando um amigo que tropeçou e rolou ladeira abaixo, possa ter descoberto a roda. Mas tudo isso só aconteceu porque alguém perguntou: “Por Que”? Não fosse assim e ainda estaríamos lá nas cavernas fazendo companhia àquele troglodita burro, que nem perguntar sabe.
Crianças, que em geral são uns bichinhos muito inquietos e perguntadores, nem sempre se conformam com sim ou não como resposta. Querem saber porque sim e porque não. Contam até que o papa recebeu a visita de dois sobrinhos, um menino e uma menina, que em determinado momento lhe perguntaram como Jesus veio ao mundo. O Papa então teria lhes dito: “Um anjo veio e avisou a Maria que ela iria ter um filho. Quando ela perguntou como isso seria possível, se ela era virgem, o anjo lhe explicou que ela fora fecundada pelo Espírito Santo. E assim nasceu, da Virgem Maria, Jesus, o Filho de Deus”.
Quando o Papa terminou sua explicação, o menino olhou para a irmãzinha e disse; “Então, você o que acha? Contamos a verdade pra ele ou deixamos o velhinho na inocência?

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