Zach Sims tem apenas 24 anos. Abandonou uma das mais prestigiadas
universidades do mundo antes de se formar. Hoje, é conhecido como o
professor de 26 milhões de estudantes.
O
americano dirige o site Codecademy, lançado há três anos, que permite a
usuários aprender seis linguagens de programação através de uma
interface simples e gratuita.
Mas o que levou o jovem de Nova York
a abandonar a Columbia, uma das maiores universidades do mundo? Um
fenômeno no mercado de trabalho conhecido como "déficit de habilidades" –
ou "skills gap", no chavão em inglês.
"Quando eu estava à procura
de um estágio no meu primeiro ano, em empresas como Goldman Sachs e
McKinsey, percebi que ninguém que estava na faculdade tinha qualquer
habilidade que seria relevante nesse contexto", diz ele.
"Passávamos os dias aprendendo sobre mitologia grega e as noites estudando livros gigantes de finanças."
"Nós
achamos que, se os alunos da Columbia – uma entre as cinco melhores
escolas do país –, não conseguiam encontrar emprego quando se formavam,
provavelmente havia um problema."
Sims, começou, então, a estudar
códigos de informática. "Construímos a primeira versão do Codecademy
para mim", diz. Com a ajuda de um amigo, Ryan Bubinski, ele expandiu o
site.
Bubinski tornou-se cofundador e, juntos, lançaram o portal
em agosto de 2011. No primeiro fim de semana, mais de 200 mil pessoas
utilizaram o produto.
O site, agora, chega a quase 26
milhões de alunos em mais de 100 países, e está ajudando pessoas de
todas as classes econômicas a melhorarem suas habilidades, incluindo
moradores de campos de refugiados africanos e mães solteiras nos EUA.
Sims
foi uma das novidades do Fórum Econômico Mundial em Davos, que terminou
no sábado passado. Mas aquele, claramente, não era o ambiente dele. O
jovem se desculpou ao usar clichês como "cruzamento" e fez aspas no ar
de maneira sarcástica ao citar o slogan "novo contexto digital" do
fórum.
'Nova moeda'
Parece
haver um consenso entre especialistas sobre as causas deste déficit de
habilidades – métodos de ensino e programas de cursos ultrapassados,
além da falta de formação num contexto de trabalho. Mas há dúvidas sobre
o que precisa ser feito, ou quem deverá liderar as mudanças.
Um
relatório sobre a "competitividade global de talentos", divulgado na
semana passada pela escola de negócios Insead e a empresa de
recrutadores Adecco, enfatizou que talento é a "nova moeda da economia
global".
O
estudo disse que cerca de 8,4 milhões de postos de trabalho não
estariam sendo preenchidos devido a "divergências em termos de
competências e geografias".
Durante um evento sobre educação em
Davos, um empresário alertou que empresas não podem "continuar com o
pressuposto de que você aprende por 25 anos e, depois, trabalhar por 45
anos".
Outro membro do painel, o
magnata americano Stephen Schwarzman, disse que melhorar a formação era
uma maneira de lidar com a desigualdade de renda.
Apesar de um
consenso estar em formação, atrair investimentos continua sendo tarefa
difícil. Apenas 13% do dinheiro gasto pelas 500 principais empresas dos
EUA para o desenvolvimento social em 2013 foi direcionado para projetos
de educação, de acordo com um relatório.
E,
enquanto é crescente a demanda por uma formação mais focada no trabalho,
o desejo das empresas para proporcionar essas oportunidades está
diminuindo, dizem alguns.
A mensagem de Sims é que as empresas
precisam assumir "um pouco de responsabilidade", e que a ânsia por
aprendizagem está em alta.
"É uma loucura que duas crianças possam
criar algo num apartamento de um quarto na Califórnia, e educar mais
pessoas num fim de semana do que uma instituição formal poderia em
anos", diz.
Fonte: BBCBrasil
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