Com o tema Fraternidade: biomas
brasileiros e a defesa da vida, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB) abriu hoje (1º) a Campanha da Fraternidade 2017. Segundo a entidade, o
objetivo da ação é dar ênfase à diversidade de cada bioma, promover relações
respeitosas com a vida, o meio ambiente e a cultura dos povos que vivem nesses
biomas. “Este é, precisamente, um dos maiores desafios em todas as partes da
terra, até porque as degradações do ambiente são sempre acompanhadas pelas
injustiças sociais”, disse o papa Francisco, em mensagem ao Brasil.
O papa destacou que o desafio global
pela preservação, “pelo qual toda a humanidade passa”, exige o envolvimento de
cada pessoa junto com a atuação da comunidade local. Para ele, os povos
originários de cada bioma ou que tradicionalmente neles vivem oferecem um
exemplo claro de como a convivência com a criação pode ser respeitosa.
“É necessário conhecer e aprender com
esses povos e suas relações com a natureza. Assim, será possível encontrar um
modelo de sustentabilidade que possa ser uma alternativa ao afã desenfreado
pelo lucro que exaure os recursos naturais e agride a dignidade dos pobres”,
argumentou o papa.
Para o arcebispo de Brasília e
presidente da CNBB, cardeal Sergio da Rocha, ninguém pode assistir passivamente
à destruição de um bioma, por isso o assunto não pode ser deixado de lado pela
Igreja. “Há muito a ser feito por cada um espontaneamente, como mudança no
padrão de consumo, cuidados com a água e com o lixo doméstico, mas necessitamos
de iniciativas comunitárias, que exigem a participação do Poder Público e ações
efetivas dos governos”, disse. “Precisamos de um modelo econômico que não
destrua os recursos naturais”, ressaltou.
Ações da campanha
O texto-base da Campanha da Fraternidade
2017, que tem como lema Cultivar e guardar a criação, aborda cada um dos seis
biomas brasileiros, suas características e significados, desafios e as
principais iniciativas já existentes na defesa da biodiversidade e da cultura
dos povos originários.
Entre as ações propostas estão o
aprofundamento de estudos e debates nas escolas públicas e privadas sobre o
tema abordado pela campanha. Segundo a CNBB, o fortalecimento das redes e
articulações, em todos os níveis, também é proposto com o objetivo de suscitar
nova consciência e novas práticas na defesa dos ambientes essenciais à vida.
Além disso, o texto chama a atenção para a necessidade de a população defender
o desmatamento zero para todos os biomas e sua composição florestal.
No campo político, o texto-base da
campanha incentiva a criação de um projeto de lei que impeça o uso de
agrotóxicos. “Ele indica ainda que combater a corrupção é um modo especial para
se evitar processos licitatórios fraudulentos, especialmente em relação às
enchentes e secas que acabam sendo mecanismos de exploração e desvio de
recursos públicos”, informou a CNBB.
No Brasil, a Campanha da Fraternidade
existe há mais de 50 anos e sua abertura oficial sempre ocorre na Quarta-feira
de Cinzas, quando tem início a Quaresma, época na qual a Igreja convida os
fiéis a experimentar três práticas de penitência: a oração, o jejum e a
caridade.
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