Entre 2014 e
2016 nosso PIB caiu 7%. Nesses mesmos três anos, o do México subiu 7%; o da
Espanha, estropiada pela crise europeia do começo da década, 7,5%; o da China,
cuja desaceleração no crescimento foi apontada como o maior freio na nossa
economia, 20%.
Notem que o
PIB da China, já engordado pelos 20% do ultimo triênio, é de US$ 11 trilhões. O
do Brasil, agora ainda mais emagrecido, está em US$ 1,9 trilhão. Ou seja: desde
o fim de 2014, com a economia global mancando, pessimismo generalizado e o
escambau, a China cresceu um Brasil inteiro. E o Brasil perdeu uma Argentina.
Nos anos de bonança econômica, nosso PIB em dólar chegou (com uma mãozinha da
valorização cambial da nossa moeda) a US$ 2,4 trilhões. A diferença entre isso
e os US$ 1,9 trilhão de agora dá praticamente uma Argentina, que tem um PIB de
US$ 580 bilhões.
Se você
acreditou, então, quando disseram que a nossa crise dos últimos três anos só
refletia a do resto do mundo, esses são os fatos que quebram o argumento.
E esses fatos deixam claro uma suspeita que pairava
nos tempos em que o PIB ainda crescia: o de que o país não tinha base para
sustentar uma economia robusta. O Brasil seguiu relapso em relação ao seu maior
problema, a falta de infraestrutura – aquela que faz com que um fazendeiro do
Mato Grosso tenha de gastar 25% de tudo o que ganha com sua soja transportando
os grãos – nos EUA, essa fatia fica em 9%. Quando havia dinheiro para ser
investido, ele seguiu escorrendo pelos ralos de sempre. Burocracia estatal, por
exemplo. O Brasil gasta 1,5% do PIB em infraestrutura. O Poder Judiciário,
sozinho, consome praticamente a mesma coisa: 1,3% do PIB (quatro mais do que o
que a Alemanha; oito vezes mais que o Chile). Para comparar, a média mundial de
desembolso com infraestrutura é de 3,8% do PIB, quase o triplo do nosso.
Pior: nas
maiores economias do mundo, o valor das obras de infraestrutura já construídas
é de 71% do PIB. No Brasil, são 16%. Ou seja: precisamos mais do que
quadruplicar nossas estradas, ferrovias, portos. E quando havia dinheiro
cometemos a pachorra de gastar parte dele com obras de infraestrutura no
exterior. Não foi só o porto em Cuba. Entre 2007 e 2014, o BNDES liberou US$ 1
bilhão por ano em dinheiro do contribuinte para a Odebrecht fazer hidrelétrica
na República Dominicana, gasoduto na Argentina, aeroporto em Moçambique. Esses
e outros desmandos financeiros foram justificados à época como “investimento”.
Então tá.
Agora, três anos depois, estamos colhendo os resultados.
Por
Alexandre Versignassi - Super Interessante
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