segunda-feira, 20 de março de 2017

Quanto menor, melhor

        
Esse imbróglio da “Carne Fraca” pode abrir uma brecha para o desenvolvimento de algo sensacional para a economia brasileira e para a saúde popular, que é o fim das grandes corporações e companhias beneficiadoras e comercializadoras de alimentos, e a volta dos pequenos estabelecimentos. Os americanos e europeus têm um ditado: “Nunca ponha todos os ovos numa só cesta”. Obvio. Se cair uma cesta, quebram-se apenas alguns ovos e não todos. Assim é com as grandes corporações. Quando sofrem uma queda, o estrago na economia de uma nação é devastador. Aliás, há um conceito pouco ou nunca utilizado no Brasil que é o de “quanto menor, melhor. As coisas pequenas são mais concentradas, mais eficazes, mais fáceis de se carregar, manobrar, governar, utilizar, limpar, consertar, enfim, são práticas e fáceis de se lidar. Não por acaso os japoneses são mestres da compactação. Tudo que eles pegam reduzem a proporções mínimas. Por que eu vou carregar um trambolho pesado na cabeça, se eu posso carrega-lo no bolso?
         O mesmo princípio vale para países, estados, municípios. Vejam que todos os países da Europa cabem dentro do território Brasileiro e ainda sobra espaço. Os Estados Unidos têm um território quase igual ao do Brasil, mas eles têm 50 estados contra apenas 27 do Brasil. Vejam o nível de civilização e progresso deles, e vejam o nosso. Aqui na Bahia, lá pelos anos 80, falou-se em dividir o Estado em 3. A saber: A região do Além São Francisco (Oeste), seria o Estado de São Francisco; As Regiões Sul e Sudeste, seria o Estado de Santa Cruz; E as regiões Norte e Leste Seria a nossa Bahia. De cara eu comprei a idéia. Seriam três estados ricos em recursos e mais fáceis de governar, pois que seriam menores. Mas a hipocrisia política falou mais alto, e logo começou-se a gastar rios de dinheiro em campanhas na mídia, com o discurso demagogo de que “a Bahia não se divide”. Doidos para não perderem seus currais eleitorais, os coronéis da política repetiam com insistência os motes da campanha: Não se separa Jorge de Amado, Gal de Costa, Menininha de Gantois... E por aí foi. Não se dividiu e a Bahia continuou grande e pobre, e hoje está falida e atrasada em relação a outros estados, inclusive o pequeno Sergipe, nosso vizinho a quem chamávamos pejorativamente de “quintal”.
         Vamos então aproveitar a deixa e ir para as ruas exigir do governo que incentive pequenos abatedouros frigoríficos, modernizem-se as feiras-livres, transformando-as em supermercados, com câmaras de resfriamento, boxes com balcões frigoríficos, carnes revestidas em embalagens plásticas, e tudo o mais que pede a boa higiene e conservação dos alimentos perecíveis. Por que os pequenos produtores e comerciantes não podem assumir esse papel? Por que têm que vender suas produções para grandes empresas e corporações? Por que não podemos comprar o leite in natura e pasteurizar em casa? Por que temos que alimentar a corrupção, a propina, a fraude, se podemos tomar conta nós mesmos do que é nosso?
         Simplesmente porque nada disso interessa aos políticos.

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