Vem
aí a “Caminhada do Perdão”. E eu começo a me questionar: Quantos que dela
participarão já perdoaram ou foram perdoados? A mesma pergunta me faço sobre a
“Caminhada da Paz”. Quantos que dela participam desejam mesmo a paz? Por uma
questão de ordem, antes de nos aprofundarmos no tema, é válido lembrar que a
primeira é promovida pela Igreja Católica e a segunda pela Comunidade Espírita.
Lembrar também que a Caminhada da Paz perdeu força quando um dos seus líderes
se envolveu em questões policiais referentes à campanha do desarmamento,
promovida pelo governo Federal. E, por fim, ressalvar que, apesar de ter sido
batizado e crismado na Igreja Católica e ter começado a frequentar Centros
Espíritas ainda muito jovem, não me julgo pertencente a nenhuma dessas
correntes, uma vez que considero a fé algo muito íntimo e que Deus precisa ser
entendido antes de ser acreditado. Enfim, sou espiritualizado, mas, adepto do
livre pensamento.
Isto posto, iniciemos o nosso
raciocínio pelo perdão. Quando questionado sobre “quantas vezes devemos
perdoar”, a resposta de Cristo foi que devemos perdoar “70 vezes 7”, dando-nos
assim o pressuposto de que devemos perdoar sempre àqueles que nos ofendem. Porém,
não está escrito que temos que “reconciliar”, que é algo bem diferente de perdoar.
Perdoar é não retaliar, não se vingar, não desejar mal àquele que praticou a
ofensa contra nós, deixando o destino do ofensor nas mãos de Deus e seguir em
frente, nos questionando sempre sobre o ocorrido e buscando ver se a ofensa não
aconteceu porque nós mesmos permitimos, por invigilância, ou quem sabe até
porque fomos gananciosos, arrogantes, orgulhos, coisas assim que nos deixam
vulneráveis à ação dos aproveitadores.
Reconciliar pressupõe que passemos uma
borracha, esqueçamos a ofensa, e sigamos em frente de mãos dadas com o ofensor.
Isso, para mim é idiotice. É dar ao ofensor a oportunidade para que nos
prejudique outra vez. Não creio que o reino dos céus pertença aos tolos.
Perdoar, tudo bem. Siga seu caminho que eu sigo o meu. Se em algum momento me
pedir ajuda, ajudarei, mas sempre com um pé atrás para não ser atacado nem
traído novamente. E, o mais importante, não guardar mágoa ou rancor, porque
estes sentimentos só causam mal ao nosso corpo e ao nosso espírito. Prejudicam
nossa saúde e atrasam nossa evolução espiritual.
A Paz é um tema mais complexo. Nicolau
Maquiavel ensina que se desejarmos a paz deveremos nos preparar para a guerra.
E está certíssimo. Ninguém respeita o fraco e covarde que evita o confronto
mesmo sendo agredido. E os fracos e covardes são sempre agredidos e dominados.
Por isso devemos desde cedo nos prepararmos para sermos guerreiros, sermos
fortes de corpo e espírito. Isso não quer dizer que devemos nos transformar em
guerreiros sanguinários e conquistadores. Mas, um povo que sabe se respeitar e
respeitar seus semelhantes. Para que isso ocorra é necessário que, além de
fortes e corajosos, sejamos sábios. Mente sã em corpo são, ensinavam os gregos.
Um corpo forte precisa de uma mente forte para lhe guiar pela jornada da vida.
A todos esses fatores virão se juntar:
A fé eu Deus, como quer que você o conceba, o amor ao próximo e a si mesmo,
respeito pelos outros e por si mesmos, saber a hora de falar e de calar, buscar
constantemente o estudo e aprendizado sobre todas as coisas, amar para ser
amado, refletir antes de falar ou agir, conhecer seu corpo e sua mente,
aproveitar todas as oportunidades que a vida lhe der, sem medo ou preocupação,
lembrando que mesmo na queda há lições importantes para ajudar a seguir no
caminho.
Coisas assim irão nos levar a uma vida
melhor, onde que quer que você esteja. Mas se você prefere participar da
Caminhada do Perdão ou da Paz, apenas como um figurante que quer mostrar aos
outros o quanto é bonzinho, resmungando preces e frases decoradas sobre as
quais não tem o menor entendimento, e guardando rancor no seu coração,
esperando uma oportunidade para se vingar daqueles que lhe atingiram, eu
lamento por você e peço que Deus tenha piedade.
P.S. E não peça nem espere que ninguém lhe dê nada, seja
forte e inteligente para conquistar o que quer sem ter que pedir ou roubar.
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