A crise de
confiança nas instituições e nos partidos políticos, precipitada nos últimos
anos por protestos e pela Operação Lava Jato, fez com que juízes como Sergio
Moro, Joaquim Barbosa e Cármem Lúcia e o procurador-geral da República, Rodrigo
Janot, tenham índice de aprovação mais elevado do que políticos tradicionais e
novos no cenário nacional.
É o que
mostra a nova edição do Barômetro Político, pesquisa da consultoria Ipsos
antecipada à BBC Brasil. O levantamento, feito na primeira quinzena de março
nas cinco regiões do país, perguntou a 1.200 pessoas sua opinião sobre 26
personalidades do mundo político e jurídico.
Moro e
Barbosa aparecem na lista desde 2015, e têm, há alguns meses, os maiores
índices de aprovação na opinião pública. Na pesquisa mais recente, ficam em 63%
e 51%, muito à frente de Lula, o terceiro com maior aprovação. Janot tem índice
de aprovação de 18%, mais alto do que o do presidente Michel Temer (17%), o do
governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (16%), e o do líder do PSDB, Aécio
Neves (11%).
A ministra
Cármem Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal e inserida na pesquisa
apenas em fevereiro, já aparece com 26% de aprovação, à frente de Fernando
Henrique Cardoso, Dilma Rousseff e Marina Silva (todos 23%).
A pesquisa
também quantifica, no entanto, o índice de pessoas que dizem não conhecer
suficientemente bem os políticos e juristas para opinar sobre eles. Neste
quesito, a ministra é desconhecida de 36% dos entrevistados - bem mais do que
os ex-presidentes e presidenciáveis, mas menos do que o prefeito de São Paulo,
João Doria (39% dizem não conhecê-lo), e do que o prefeito do Rio de Janeiro,
Marcelo Crivella (37%).
Confesso que fiquei surpreso quando vi os
indicadores de Cármem Lúcia, porque normalmente acontece de esse tipo de
personalidade ser muito mais desconhecida do que a soma dos indicadores de
aprovação e rejeição. E ainda que seja pouco conhecida, ela consegue ter uma
aprovação relevante. Isso é fruto da presença dela na mídia nos últimos meses,
de como tem se posicionado", avalia Danilo Cersosimo, diretor da Ipsos
Public Affairs e responsável pela pesquisa.
"Para Moro, Barbosa e Janot a explicação é
simples: Barbosa tem associação com o mensalão e Moro e Janot, com a Lava Jato.
Todos eles têm ficado no mesmo patamar alto de aprovação nos últimos meses. A
classe política tradicional está completamente desprestigiada. Por isso os
atores jurídicos são mais bem avaliados."
A descrença no futuro do país também se reflete na
pergunta sobre o Brasil estaria no rumo certo ou errado - 90% dos entrevistados
se mostraram pessimistas. Em janeiro de 2015, logo após as eleições, 65%
achavam que o país estava no caminho certo. (BBCBrasil)
Nenhum comentário:
Postar um comentário