Como é a
relação do seu filho com o dinheiro? Este é um assunto que interessa a
todos os pais, especialmente em um país como o Brasil, onde falar
sobre finanças ainda é um tabu para a maioria das famílias. Se você
acha que a melhor alternativa para abordar o tema com os pequenos é a adoção de
mesada (ou semanada), talvez você precise rever alguns conceitos.
Pelo menos
essa é a avaliação do especialista
em empreendedorismo e educação financeira João Kepler
Braga, que escreveu o livro Educando Filhos para Empreender, da Editora
Ser Mais. Segundo ele, se por um lado a mesada ensina às crianças a ter
organização, controle e disciplina, por outro passa uma sensação equivocada de
que sempre haverá dinheiro garantido.
“Devemos
acostumar nossos filhos à necessidade de trabalhar e não à de esperar um
salário fixo no final do mês. Não haverá empregos formais para todos os jovens
da nova geração, por isso a importância de ensiná-los a encontrar
alternativas”, afirma.
O
especialista defende que os pais se perguntem por que dar ou não mesada aos
filhos. “Na sua cabeça seus motivos são claros? E para o filho, como ele recebe
e reage com ao seu ponto de vista? Geralmente, os pais repassam o
que viveram. Quem nunca ganhou mesada na vida, provavelmente não dará para os
filhos, mas ensinará como ele poderá conseguir, porque foi assim com ele.”
Foi o que
aconteceu com ele próprio. “Meus pais nunca puderam me dar tudo o que eu
queria. Chegou um momento em que meus amigos tinham tudo e eu, nada. Mais para
frente, quando a gente se tornou adultos, eu me vi em uma situação financeira
melhor do que a de muitos deles”, conta Braga, que hoje é investidor-anjo
através da Bossa Nova Investimentos, empresário e escritor.
“Saber lidar
com dinheiro não é uma tarefa fácil nem para os adultos, imagine só para uma
criança. Até que a gente compreenda quais são os limites e as necessidades
reais, a caminhada é longa. Determinar prioridades e saber dizer não quando
você deseja comprar algo, mas entende que não é o melhor momento, é o maior
sinal de maturidade e controle financeiro. Para o bem do seu filho, comece a
fazer isso desde cedo, não dê tudo que ele pede de forma desenfreada, porque
essa atitude só irá deixá-lo cada vez mais consumista e fútil”, avalia.
Os três
filhos de Braga sabem o que é e como lidar com dinheiro desde cedo. A caçula
Maria Braga, de 12 anos, produz cupcakes desde os 8 anos. O Davi Braga de 15
anos, é fundador de uma startup chamada List-IT, de lista de material escolar.
O filho mais velho, de 17 anos, o Theo Braga, é produtor de eventos e vende
ingressos.
“Desde
pequenos, sempre quis acostumá-los a não ter ‘nada garantido’ (…). Não quero
meus filhos focados em ‘empregos’, os quero pensando em ‘trabalho’, o que é bem
diferente”, diz. “O que eu faço em relação a dinheiro: dou o suficiente para o
lanche na escola e negocio a cada momento e a cada nova necessidade. Procuro
promover e nutrir valores como conquista, competição, realização, gratidão,
humildade, resiliência, tenacidade, liderança e interdependência.”
Braga garante
que seus filhos têm uma “vida normal”. “Eles vão para a escola, tiram boas
notas, têm amigos, saem, namoram, fazem tudo o que qualquer adolescente faz”,
conta. “Eu, enquanto pai, acompanho a dedicação deles para o empreendedorismo
de perto e não permito que isso tome uma parcela significativa da vida deles ou
os atrapalhe de alguma forma.”
O
especialista concorda que o estilo de vida empreendedor também tem que
respeitar a vontade dos pequenos. “Nem todo filho vai querer ser empreendedor
desde pequeno ou demonstrar alguma vontade para isso, mas é importante que os
pais estejam atentos para orientá-los de forma correta caso seja alguma coisa
que parta deles próprios.” (Super Interessante)
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