Definir e
atingir a felicidade pode ser difícil, mas um grupo de pesquisadores vem
tentando há alguns anos refletir em números a satisfação percebida em
diferentes países. E, segundo o mais recente Relatório Mundial da Felicidade,
de 2018, é da Finlândia o título de país mais feliz do mundo - com pontuação de
7,6 em uma escala de 0 a 10 (em que 10 é a melhor nota).
Já o Brasil
caiu seis posições no ranking em relação à última pesquisa e ocupa, em 2018, o
28ª lugar dentre os 156 países pesquisados. A nota atual do país é de 6,419.
O relatório considera a opinião de pessoas de cada
um dos países para compor a lista. No pódio, não há surpresas. Apesar da
Finlândia ter tirado o título de primeiro lugar da Noruega, os mesmos países se
revezam nos dez primeiros lugares há duas edições do estudo.
No relatório
recém-publicado, 58 nações mostraram melhora significativa em relação a edições
anteriores e outras 59, piora.
A Venezuela foi
a nação em que os níveis de felicidade mais se deterioraram no comparativo
histórico. O país perdeu 2,2 pontos em uma escala de 0 a 10 desde 2008 -
tendência que o relatório atribui ao fato do país estar passando "por processos
políticos sociais e econômicos difíceis nos últimos anos". Já o Brasil
teve a 26ª mais acentuada queda.
O estudo não
explica detalhadamente os aspectos que levam a oscilações nas notas, mas
trechos do documento citam que, no Brasil, assim como em outros países da
América Latina, a percepção de corrupção generalizada, as dificuldades
econômicas e os índices de violência contribuem para uma perda na satisfação da
população em relação à própria qualidade de vida.
O relatório
cita, por exemplo, que para 36% dos brasileiros seus rendimentos são
insuficientes para cobrir suas necessidades. Além disso, 15% dos entrevistados
no Brasil, Equador, Peru e Venezuela relataram terem sido vítimas de algum
crime no último ano.
Importância da família e dos amigos
Por outro lado,
o relatório dedica parte importante de sua análise à importância dada, na
América Latina, às relações interpessoais. Segundo os autores da pesquisa, tal
fenômeno na região mostra que o rendimento financeiro nem sempre é determinante
ou mesmo suficiente para explicar a satisfação sentida pelas pessoas.
"Os dados
que emergem da América Latina mostram que os indicadores de avaliação de vida
são mais elevados do que se poderia supor a partir de níveis de renda na
região", diz o documento.
"Em outras
palavras, parece que o conjunto de indicadores sociais e econômicos que são
comumente usados nos estudos de desenvolvimento não fornecem um quadro completo
do bem-estar dos latino-americanos".
No Brasil, 50%
dos entrevistados afirmaram ter visitado um sobrinho ou uma sobrinha mais de
duas vezes nas últimas quatro semanas. Também é alto, no país, o percentual de
pessoas que relataram ter estado com um amigo próximo diariamente ou várias
vezes em uma semana (mais de 60%).
Imigração
Globalmentem, o
relatório recém-publicado concentra-se no impacto da migração sobre a percepção
de felicidade. Foram analisados os níveis de satisfação de migrantes em 117
países. O Brasil não está incluído na lista.
Em geral, os
pesquisadores concluíram que o grau de felicidade dos migrantes acompanha
aquele dos residentes do país de destino. Os dez países mais felizes segundo o
ranking geral, por exemplo, foram os mesmos em que os imigrantes se
demonstraram mais satisfeitos. A Finlândia está em primeiro lugar em ambas as
listas.
"A
felicidade do migrante, como a dos nascidos naquele lugar, depende de uma série
de características do tecido social, indo muito além das rendas altas,
tradicionalmente vistas como o que motiva e fornece a migração. Os países com
os migrantes mais felizes não são os países mais ricos, mas sim os países com
um conjunto mais equilibrado de suporte social e institucional".
'Distopia'
A escala de 0 a
10 tem como referência um país hipotético chamado "Distopia" - o nome
se deve ao fato de a pontuação agregar as piores notas nas seis variáveis
consideradas na pesquisa: renda, expectativa de vida saudável, suporte social,
liberdade, confiança e generosidade.
A pontuação se
baseia nas avaliações pessoais dos entrevistados, mas as variáveis são levadas
em conta na comparação entre os diferentes países.
O relatório,
produzido por pesquisadores independentes e organizado pela Rede de Soluções
para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, discute também três
problemas de saúde emergentes no mundo, com foco principalmente nos Estados
Unidos: a obesidade, a crise dos opioides e a depressão. (BBCBrasil)
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