O Brasil vive um momento dramático com potencial de se
tornar uma ameaça à democracia. A combinação da violência comum que
mostra a falência da administração pública em combater o crime, tão bem
sinalizado no assassinato da vereadora Marielle; as ameaças ao Ministro
Fachinn, relator da Lava-Jato, no STF; as agressões – não o protesto- a
caravana de Lula; os discursos do ex-presidente pedindo a Polícia que vá
dar corretivo em manifestantes e dizendo que vai dar porrada nos
brasileiros, enquanto seus seguranças agridem um repórter da TV Globo; o
voluntarismo anárquico, inescrupuloso e irresponsável dos Ministros do
STF; a sensação de impunidade política, apesar dos resultados da
Lava-Jato, constituem um conjunto de condições de perigosas combinações
que podem desencadear uma convulsão no país.
Além disso, outros eventos irritam os brasileiros:
deputados presos que mantêm seus mandatos, autoridades com foro
privilegiado que nunca são julgados, juízes que acham ético receber
auxílio-moradia, mesmo ilegal, alegando compensação salarial, como se a
motivação anulasse a ilegalidade e, ainda, fazem greve, os assombrosos
valores desviados pela corrupção, e a imposição de uma agenda destinada a
dividir e confrontar os costumes da sociedade- sim, não pensem que ela
está aí por acaso-, gerando um clima de instabilidade emocional, divisão
da Sociedade, contribuindo para deixar o país à beira de um ataque de
nervos.
Esta combinação da “tempestade perfeita” não foi construída
por acidente- nem Lula insiste na sua caravana justamente nas regiões
onde é rejeitado por mera teimosia, mas a espera das agressões para
construir sua narrativa-, e deve ter seu ponto alto durante o julgamento
do habeas-corpus de Lula, que pode determinar sua prisão, e revogar a
prisão em segunda instância, criando um ambiente de total impunidade e
determinando uma situação de escárnio com a Justiça.
Infelizmente, para coroar a situação como uma cereja de
bolo às avessas, não temos um presidente ou líderes com credibilidade-
no Planalto, na Câmara, no STF- para conduzir o país com o equilíbrio
necessário, nesse momento. Aliás, Lula, e outros, mais apostam no calor
do incêndio, do que na frieza das cinzas.
A situação não é mais critica, apenas, porque a economia
tem mostrado uma condução exemplar da equipe responsável, mas diante
desse conjunto de violência e falência institucional a solução tem sido
oferecer protagonismo às Forças Armadas e sinalizar apoio a candidatos
extremistas. Estas opções não costumam resultar em bons finais.
Não é hora de vibrar com nenhuma das ações de violência,
mas de exigir respostas firmes, do que nos resta de autoridade, sob o
risco de acesa a pólvora não podermos mais controlar a extensão da
explosão. E, guerras civis- a história tem mostrado -, costumam cobrar
um preço caro demais. (Tribuna Feirense)
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