Para tomar vacina. Durante o
parto. Antes de um diagnóstico importante. O ser humano é um bicho esquisito:
em situações de dor e medo, nós instintivamente procuramos a mão de uma pessoa
para apertar.
Já na barriga desenvolvemos o reflexo de agarrar tudo que toca a palma
da mão – por isso, gêmeos podem ser vistos de mãos dadas no útero – e, na vida
adulta, dar as mãos permanece profundamente associado à sensação de segurança e
conforto.
Mas, além de ser bonitinho, que efeito fisiológico o ato de dar as
mãos pode produzir? Os pesquisadores do Instituto de Ciência Cognitiva da
Universidade do Colorado em Boulder resolveram investigar o que acontece no cérebro.
Eles reuniram 22 casais heterossexuais jovens. Todos foram equipados
com toucas de eletroencefalograma, cheias de sensores para monitorar a
atividade cerebral. Cada casal foi exposto a alguns segundos de diferentes
cenários: sentados juntos, mas sem encostar; sentados em salas separadas; e
sentados juntos de mãos dadas.
Cada teste durou dois minutos. Aí, os cientistas incluíram um estímulo
doloroso: uma barra de metal era aquecida a 43ºC, 45ºC e 47ºC graus e
pressionada contra o braço das participantes mulheres por 7 segundos. Elas
tinham que avaliar a intensidade da dor de 0 (sem dor) a 100 (a pior dor
imaginável).
Os pesquisadores calcularam a temperatura que daria uma dor moderada,
com “intensidade 60”, sem avisar as participantes. E aí pressionaram a barra
por dois minutos seguidos, naquelas três mesmas configurações (juntos com o parceiro, separada
do parceiro, dando as mãos para o parceiro). A cada rodada, elas tinham que
dizer o quanto de dor estavam sentindo.
Ao final do experimento, os cientistas analisaram os dados do
eletroencefalograma. A primeira coisa que perceberam é que quanto mais próximo
o casal estava, mais similar era o padrão de ondas cerebrais detectado pelo
exame, especialmente quando havia dor envolvida.
Esse fenômeno é chamado de “sincronização interpessoal”, e engloba não
só ondas cerebrais, mas batimentos cardíacos e o ritmo da respiração – quando o
organismo de uma pessoa começa a espelhar fisiologicamente as características
de quem está por perto.
Essa sincronia atingia o ápice quando o casal estava de mãos dadas.
Cruzando o eletroencefalograma com a percepção de dor, os pesquisadores
perceberam que quanto mais similares as ondas cerebrais, menor era a dor
relatada pelas participantes. Os menores níveis de dor foram relatados no
estudo quando os casais estavam dando as mãos.
Os cientistas ainda não sabem explicar a conexão entre toque, ondas
cerebrais e percepção da dor. Mas, focando só no toque, outras pesquisas dão
uma boa ideia do que acontece no organismo.
O toque pele a pele entre seres humanos é um dos grandes gatilhos para
a produção de oxitocina, o famoso “hormônio do amor”. Uma das
características da oxitocina é reduzir sentimentos de ansiedade e dor, por
diminuir os níveis de hormônios de estresse como o cortisol. É superútil para
mães de recém-nascidos, que são invadidas por uma enxurrada de oxitocina
durante o parto e depois, quando sentem o cheiro e encostam nos bebês.
Pode sair encostando em qualquer um, se quiser: até segurar a mão de
estranhos tem efeito calmante em situações de estresse. Mas se quiser uma eficácia
significativamente maior (e não tiver nenhum filho recém-nascido para segurar
na altura do seu nariz), a melhor opção é agarrar a mão de alguém que você ama.
Pelo menos até a dor passar. (Super interessante)
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