
Queria aqui expressar
a importância desse ícone, dono de uma das mais bem-sucedidas trajetórias da
música brasileira. Com um timbre inconfundível, dedicou-se por mais de cinco
décadas a encantar plateias do Brasil e do Mundo. Além grande cantor, Jerry foi
uma figura humana descrita com as melhores palavras por amigos e fãs.
Como disse o
produtor Marcelo Fróes, "talvez ele fosse o único cara dessa geração do
rock inicial que transitou como ninguém em todos os segmentos. Era um cara
muito culto, na verdade. Quando a Lygia Fagundes fez um abaixo-assinado pedindo
o fim da censura, em 1977, ele foi um dos únicos cantores e compositores que
assinou. E ele na verdade nem era vítima da censura, não cantava música de
protesto”.... lembrou.
A seguir, um pouco de usa trajetória:
Jair Alves de
Sousa, nasceu em 29/11/1947 na cidade de São Paulo/SP. Cantor e compositor.
Filho de operários, aos quatro anos de idade aprendeu algumas canções italianas
com a avó materna e dos sete aos nove anos estudou acordeom.
Em 1959 iniciou o
aprendizado de canto, frequentando durante quatro anos os conservatórios de
Santo André/SP e São Caetano/SP. Nessa época participou do coral da Associação
Cultural e Artística de São Caetano. Sua estreia no rádio, ainda como amador,
foi no programa Galera do Nelson, da Rádio Nacional de São Paulo. Em seguida,
usando o pseudônimo de Jerry, atuou no programa Ritmos para a Juventude, de
Antônio Aguilar.
De 1962 a 1964 foi
crooner do conjunto Os Rebeldes, interpretando um repertório de baladas
italianas, rocks e canções românticas. Como integrante desse conjunto, iniciou
sua carreira na TV Tupi, de São Paulo, e, contratado pela CBS, em 1964 gravou
seu primeiro LP, Italianíssimo.
A partir de 1964
passou a atuar em rádio e televisão, principalmente na TV Record. Em 1965 JERRY
ADRIANI estourou com UM GRANDE AMOR, primeiro LP gravado em português. estreando
também como autor com Só a saudade, que gravou em disco da CBS.
Na mesma época,
apresentou o programa “Excelsior a Go” pela TV Excelsior de São Paulo em
parceria com o comunicador Luiz Aguiar e tinha em seu set nomes como OS VIPS,
OS INCRIVEIS, PRINI LOREZ, CIDINHA SANTOS, dentre outros grandes cantores.
Comandou, entre
1967 e 68, na TV Tupi, A Grande Parada (junto com Neyde Aparecida, Zélia
Hoffmann, Betty Faria e Marilia Pera) um musical ao vivo que apresentava os
grandes nomes da MPB, consagrando-se definitivamente como um dos cantores de
maior popularidade em todo o país.
No cinema fez três
filmes como ator/cantor “Essa Gatinha a Minha” (com Peri Ribeiro e Anik Malvil)
“Jerry, A Grande Parada”, “Jerry em busca do tesouro” (com Neyde Aparecida e os
Pequenos Cantores da Guanabara). Nessa mesma época, final dos anos 60, ganhou o
titulo de Cidadão Carioca com o projeto do deputado Índio do Brasil.
JERRY ADRIANI foi
o responsável pela vinda de Raul Seixas para o Rio de Janeiro, de quem se
tornou grande amigo ainda em Salvador. “Raulzito e os Panteras”, como eram
conhecidos, formavam a banda de apoio que tocou com JERRY ADRIANI durante 3
anos.”Tudo que é bom dura pouco”, “Tarde demais”, “Doce doce amor” foram
algumas das músicas de Raul Seixas gravadas pelo artista. Raul foi produtor de
JERRY ADRIANI, entre 1969 e 1971, até iniciar sua carreira solo.
Na primeira metade
da década de 70, JERRY ADRIANI, já um artista consagrado, expandiu seu talento
musical para vários países. O cantor gravou discos e fez shows que tiveram grande
sucesso em países como Venezuela, Peru, Estados Unidos, México, Canadá e
outros.
Em 1975, JERRY ADRIANI participou do
musical no Hotel Nacional, “Brazilian Follies”, dirigido por Caribe Rocha, que
ficou um ano e meio em cartaz.
Em 1985, lançou
pela Polydor o LP “Tempos felizes”, no qual registrou antigos sucessos da Jovem
Guarda, entre as quais “Festa de arromba”, “O bom rapaz” e “Quero que vá tudo
pro inferno”. No ano seguinte, gravou, de sua autoria, “Planeta amor” e
“Antes do adeus”, com Cury e “Beijos medrosos”, com Carlos Colla.
No início da
década de 90, JERRY ADRIANI gravou um disco que trazia de volta as origens do
ROCK’N ROLL: ELVIS VIVE (um tributo ao rei do rock do qual sempre foi fã).
ELVIS VIVE, foi 24° disco de sua carreira.
O ano de 1994 veio
acompanhado de um convite do diretor Cecil Thire para participar da novela
“74.5 UMA ONDA NO AR”, produzida pela TV PLUS e exibida pela REDE MANCHETE. A
novela também foi exibida com grande sucesso em Portugal.
Prêmio Sharp – JERRY ADRIANI foi indicado quatro vezes
para este Prêmio, na categoria cantor popular. (1989 – LP MARCAS DA VIDA –
melhor cantor / 1990 – LP ELVIS VIVE – melhor disco e melhor cantor / 1993 – LP
DOCE AVENTURA – melhor cantor / 1995 – LP RADIO ROCK ROMANCE melhor disco –
melhor cantor)
No final de 1995,
JERRY ADRIANI se destacou com expressivo sucesso, no lançamento da coleção com
OS MAIORES SUCESSOS DOS 30 ANOS DA JOVEM GUARDA, pela gravadora POLYGRAM, como
convidado especial, onde foram lançados 5 Cds comemorativos ao movimento e
relembrando grandes sucessos como BROTO LEGAL, NAMORADINHA DE UM AMIGO MEU,
QUERIDA, DOCE AMOR.
Em 1996, lançou o
CD “IO”, com grandes clássicos da música italiana, produção de Roberto Menescal
e arranjos e direção de Luizinho Avelar, disco esse que teve uma grande
aceitação no mercado.
Em 1997 participou das trilhas sonoras das
novelas A INDOMADA da Rede Globo de Televisão com a música “Engenho”, letra de
Aldir Blanc e música de Ricardo Feghalli, e ZAZA internacional também da Rede
Globo, com a música “Con Te Partiró” com participação da cantora Mafalda
Minozzi.
Participou em 1998
da gravação de “Mil Faces” um dos temas principais do programa infantil Vila
Esperança da Tv Record, e foi convidado para interpretar “IMPOSSIVEL ACREDITAR
QUE PERDI VOCE” composição de Márcio Greick para o projeto de “Sucessos dos
anos 70″, lançamento Polygram.
Lançou pela INDIE
RECORDS, em 1999 o CD FORZA SEMPRE com músicas da Legião Urbana gravado em
italiano que JERRY ADRIANI considera como um marco em sua carreira
ultrapassando as 200.000 cópias em número de vendagem.
FORZA SEMPRE foi
produzido por CARLOS TRILHA também produtor de RENATO RUSSO no EQUILIBRIO
DISTANTE. Participaram também do trabalho outros músicos que acompanhavam os
shows da LEGIÃO URBANA: Fred Nascimento e Jean Fabra também autor de sete
versões das músicas para o italiano. As outras três ficaram a cargo do cantor e
compositor italiano Gabriele de L’utre.
A canção Santa Luccia
Luntana, interpretada por JERRY ADRIANI, foi uma das mais executadas na trilha
sonora da novela Terra Nostra. (Música incluída como bonus track no cd Forza
Sempre).

Em outubro de
2007, gravou, no Canecão ( RJ), seu primeiro DVD, “Jerry Adriani Acústico
Ao Vivo”, também lançado em CD em formato acústico, no qual faz releitura de
sucessos que se tornaram clássicos de sua carreira, apresentando também canções
inéditas. Na ocasião deu entrevista a Tarik de Souza, publicada no Jornal do
Brasil (RJ), na qual o crítico afirmou ter Jerry exercido influência o modo
de cantar do cantor Renato Russo. Também na ocasição, o Canal Brasil
transmitiu, em 4 dias e horários, o show da gravação do DVD/CD , na
íntegra, com a participação de Fernanda Takai (PATO FU), Ivo Pessoa, Tavito e
Vinimax. Em agosto de 2008, apresentou show na Modern Sound, em Copacabana, no
Rio de Janeiro, lançando o CD/DVD “Acústico ao vivo” e interpretando hits da
música pop nacional e internacional, como, entre outros, “Monte Castelo”, da
Legião Urbana e “As tears go by”, dos Rolling Stones. O DVD foi gravado em
Outubro de 2007, no Canecão (RJ), em parceria com o Canal Brasil. Em outubro de
2008, o cantor marcou retorno àquela casa em grande show de lançamento.
Em 2011, lançou o
CD “Pop, Jerry & Rock”, em que dividiu a produção e os arranjos com
Reinaldo Arias. O disco homenageou Raul Seixas e Tim Maia na faixa “2012”, e
fez alusão à música “Rock Around the clock”, sucesso de Bill Haley, na faixa
“Rock around the time”, além de de ter contado com parcerias dele próprio e
Paulo Mendonça, em “Fantasia” e “Highway Virtual”.
Em 2012,
apresentou o show “Jerry toca Raul & Elvis”, no Teatro Rival, no Rio de
Janeiro (RJ). Na apresentação, fugiu do estilo da Jovem Guarda que o tornou
nacionalmente conhecido, dando espaço ao repertório com músicas como “Are you
lonesome tonight”, “Kiss me quick”, “My way”, “Há dez mil anos atrás”, “Medo da
chuva”, canção, inclusive, que Raul compôs para a voz de Jerry, “Tente outra
vez e “Maluco beleza”.
Ainda em 2012,
realizou apresentação no programa “Encontro com Fátima Bernardes”, na Rede
Globo de Televisão, ao lado de Lafayette e os Tremendões, Wanderléa, Marcelo
Fróes e a banda Del Rey, numa emissão que teve como intenção relembrar a época
da Jovem Guarda. Em 2014 completa 50 anos de carreira com um show com
seus maiores sucessos.

Jerry se foi no
ano em que passaria todas as suas histórias a limpo. Ajudado pelo amigo, o
pesquisador Marcelo Fróes, ele previa uma biografia de muitos causos e o
lançamento de um disco cantando músicas de Raul. Estava feliz, dava entrevistas
vibrantes e abria o coração para falar do passado. Sua obra precisa passar por
uma reavaliação justa e necessária.
Infelizmente, esse
trabalho anunciado para ser publicado ainda em 2017 até o momento não saiu e
não se tem notícia.
NE: Com
informações de diversos sites.
Peça-chave na vida de Raul Seixas
Fernando Morais quando da passagem de Jerry, escreveu: “Morreu hoje no Rio de Janeiro, vítima de câncer, aos
70 anos, o cantor e compositor Jerry Adriani (nome artístico de Jair Alves de
Sousa), um dos criadores do movimento musical "Jovem Guarda", no começo
dos anos sessenta. Dez anos atrás, quando eu pesquisava
para escrever a biografia do Paulo Coelho, Adriani deu um longo depoimento que
trazia uma novidade – pelo menos para mim: o papel que ele teve na carreira de
Raul Seixas. Da entrevista resultou este trecho do livro
Em outubro de 1967 passava por Salvador o cantor Jerry Adriani,
contratado para um show no aristocrático Club Bahiano de Tênis, juntamente com
a musa da Bossa Nova, Nara Leão, e com o humorista Chico Anysio. Elevado à
condição de estrela nacional pela Jovem Guarda, Adriani era considerado cafona
pelos ouvintes mais sofisticados, mas fazia enorme sucesso com o grande
público. No dia do espetáculo um funcionário do clube procurou o cantor no
hotel com a notícia de que sua participação fora cancelada por uma razão
inacreditável:
– A banda que o acompanha tem vários músicos pretos, e no Club Bahiano
de Tênis preto não entra.
Era isso mesmo que ele estava ouvindo. Embora desde 1951 estivesse em
vigor no Brasil a Lei Afonso Arinos, que qualificava como crime a discriminação
racial, "preto não entrava no Bahiano nem pela porta da cozinha",
como denunciaria muitos anos depois a canção Tradição, de outro baiano ilustre,
o compositor Gilberto Gil. O preconceito adquiria traços ainda mais cruéis por
se tratar de um clube instalado na Bahia, um Estado em que mais de 70 por cento
da população são negros e pardos. Em vez de chamar a polícia, o empresário
encarregado do show preferiu contratar outra banda. A primeira de que se
lembrou foi a finada Os Panteras, de Raul Seixas, que nos últimos meses de vida
mudara de nome para The Panthers. Localizado em casa durante uma soneca, Raul
adorou a ideia de ressuscitar o conjunto e saiu em seguida pela cidade em busca
de seus antigos acompanhantes, o baixista Mariano Lanat, o guitarrista Perinho
Albuquerque e o baterista Antônio Carlos Castro, o "Carleba", todos
brancos. A improvisação acabou dando certo e o The Panthers deixou o palco do
clube sob aplausos. No fim do espetáculo Nara Leão cochichou no ouvido de Jerry
Adriani:
– Essa banda que te acompanhou é maravilhosa. Por que você não chama
esse pessoal pra tocar com você?
Ao ouvir, naquela mesma noite, o convite do cantor para que The Panthers
o acompanhasse em uma turnê pelo Norte-Nordeste, a começar na semana seguinte,
Raul Seixas ficou eletrizado. Poder excursionar com um artista de projeção
nacional, como Jerry Adriani, era uma daquelas bênçãos que o destino não
costuma colocar duas vezes no caminho de alguém. Mas ele sabia também que
aceitar significava jogar para o alto o casamento com Edith, e isso era uma
aposta alta demais. Embora lamentando, teve que recusar o convite:
– Seria uma honra fazer a temporada com você, mas se me ausentar de casa
agora, meu casamento acaba na lua-de-mel.
Interessado de verdade na companhia da banda que acabara de conhecer,
Jerry Adriani dobrou a parada:
– Se é esse o problema, está resolvido: sua mulher é convidada da
produção, leve-a com você na excursão.
Rebatizada pela segunda vez, agora com o nome de Raulzito e os Panteras,
a banda saiu pelo Brasil adentro. Além de propiciar ao casal uma viagem
divertida e inusitada, a turnê deu resultados tão satisfatórios que no final
Jerry Adriani convenceu Raul a mudar-se para o Rio com todo o grupo e se
profissionalizar como músico. No começo de 1968 estavam todos instalados em
Copacabana para uma aventura que não teria final feliz. Embora tivesse
conseguido gravar pela Odeon o LP Raulzito e os Panteras, as dificuldades eram
tantas que depois de dois anos o único trabalho que apareceu foi tocar como
banda de apoio nos shows do próprio Adriani. Houve momentos em que Raul teve
que pedir dinheiro emprestado ao pai para pagar o aluguel da casa em que viviam
ele, Edith e os demais componentes da Raulzito e os Panteras. Retornar à Bahia
pela porta dos fundos foi um golpe duro para todos e especialmente para Raul, o
líder do grupo, mas não havia outra escolha. A contragosto, voltou às aulas de
inglês e já dava a carreira de músico como encerrada quando recebeu uma
proposta de Evandro Ribeiro, diretor da CBS, para voltar a trabalhar no Rio –
não para ser band leader, mas como executivo da área de produção musical. Seu
nome tinha sido sugerido à direção da gravadora por Jerry Adriani, interessado
que estava em trazer o novo amigo de volta para o eixo Rio-São Paulo, centro da
produção musical brasileira. Tentado a acertar as contas com a cidade que o
derrotara, Raul não pensou duas vezes. Pediu a Edith que pusesse a mudança num
caminhão e dias depois já dava expediente, de paletó e gravata, no poluído centro
velho do Rio, onde ficavam os escritórios da CBS. Em poucos meses já era o
produtor musical de discos de nomes importantes, a começar do próprio Adriani.
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