segunda-feira, 18 de setembro de 2023

Dispositivo brasileiro que promove saciedade passa nos testes; opção à bariátrica

 

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O dispositivo brasileiro que ajuda na saciedade está em segunda fase de testes. Foto: Reprodução/Freepik.

Pesquisadores desenvolveram um dispositivo brasileiro que pode ajudar na saciedade e na luta contra obesidade grave. Ele promove o controle do apetite e dos hábitos alimentares e já passou nos primeiros testes.

Com isso, os cientistas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) querem oferecer às pessoas com obesidade severa uma alternativa menos invasiva que a cirurgia bariátrica, por exemplo.

“Pessoas com obesidade grave têm prognóstico muito ruim devido às comorbidades associadas. Por isso, a importância de ter alternativas para esses pacientes”, ressaltou Raquel Leal, pesquisadora do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Ciências Médicas (FCM).

Como funciona

Na prática, o dispositivo brasileiro funciona gerando atividades elétricas na parede do estômago. Ligado ao sistema nervoso central, ele gera respostas hormonais que promovem a sensação de saciedade na pessoa.

A proposta é que o eletroestimulador, no futuro, seja implementado por videolaparoscopia, uma técnica cirúrgica pouco invasiva.

A bariátrica é hoje uma das principais alternativas para pacientes com obesidade grave, e por vezes não é a solução definitiva, uma vez que o reganho de peso é bastante comum.

Agora a equipe segue para a fase dois do estudo.

Como surgiu a ideia

A ideia partiu de uma parceria com uma empresa de Florianópolis chamada InPulse, ainda em 2015.

Quando apresentou o projeto à universidade, a empresa procurava pessoas aptas a ajudarem na realização do teste e tornar o dispositivo viável.

A parceria deu certo e os estudos foram evoluindo junto com o Centro de Pesquisa em Obesidade e Comorbidades (OCRC).

Passou nos primeiros testes

A primeira rodada de experimentos foi realizada em três grupos de porcos pelo período de 30 dias.

Os resultados preliminares foram positivos. Os animais deixaram de ganhar peso dentro da curva de crescimento.

Para confirmar a hipótese, um grupo de porcos permaneceu com o eletroestimulador ligado, o outro com o dispositivo implantado, porém desligado, e o terceiro grupo foi mantido no local sem qualquer intervenção.

Como implantam o dispositivo

O dispositivo é implantado por uma laparotomia, cirurgia realizada por meio de uma abertura abdominal.

O eletrodo é colocado na parede do estômago e, por um cabo conectado com a fonte gerada, acoplada abaixo da musculatura.

Segunda fase

Na segunda fase de testes para comprovar a eficácia do dispositivo brasileiro que promove a saciedade, será feito um novo estudo com animais.

A equipe quer entender como o eletrodo age no organismo e se, de fato, o resultado está associado à produção hormonal.

“Os porcos, da primeira fase de testes, tiveram perda de peso. Mas, precisamos entender como isso está acontecendo e se pode ter outras ocorrências que interferem nesse resultado”, disse Raquel.

Os testes agora serão aplicados em porcos adultos, diferentemente do primeiro estágio que fez os testes com porcos em desenvolvimento.

“Num primeiro momento, pensamos em desenvolver o dispositivo para crianças obesas. Nesta segunda rodada de experimentos, iremos focar em adultos, onde há mais casos de obesidade. Se houver efeito, teremos um resultado mais fiel do que pode ocorrer com um humano”, explicou a pesquisadora.

A equipe vem constantemente realizando modificações para aumentar a durabilidade da bateria do gerador e para que sua localização seja mais fácil, facilitando o monitoramento.

“Apesar das melhorias que já realizamos, neste momento estamos focados em avaliar o sinal e método”, explicou Gabriel Veloso Paim, diretor técnico da InPulse.

A tecnologia é fruto de uma parceria entre a Unicamp e a empresa de Florianópolis, InPulse. Foto: Rprodução/Antoninho Perri (Ascom/Unicamp).
A tecnologia do dispositivo brasileiro contra obesidade é fruto de uma parceria entre a Unicamp e a empresa de Florianópolis, InPulse. Foto: Rprodução/Antoninho Perri (Ascom/Unicamp).


SNB - Com informações de Unicamp.

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