sexta-feira, 1 de julho de 2011

A vida é dura pra quem é mole, e burro.

Fiz um comentário esta semana e falei sobre o local onde passei o São João. Um pequeno povoado, na região sisaleira, onde vive uma gente muito organizada. Os moradores de lá fundaram uma Associação e passaram a fabricar coisas com base na produção das suas pequenas propriedade rurais. Tiveram antes o cuidado de registrar a Associação cuidando de toda a documentação legal para o seu funcionamento e reconhecimento pelos poderes públicos. Hoje seus produtos são registrados pelos Ministérios da Agricultura e da Saúde e podem assim ser comercializados em todo o Brasil.

Alguns, na maioria mulheres, dedicam-se à produção de temperos, beijus, farinha, doces, biscoitos, etc. Outros, em sua maioria homens, dedicam-se a ovino e caprinocultura, apicultura, avicultura e mantém plantações e hortas, comunitárias ou particulares, mas cujos produtos, depois de tirada a parte para o próprio consumo, são vendidos em bloco, obtendo melhor preço e cada um recebendo a sua justa parte.

Quase todos têm suas casas próprias, equipadas com móveis e eletrodomésticos, antenas parabólicas, telefones celulares e até computadores com internet. Invariavelmente há sempre uma motocicleta ou um carro na garagem. Seus filhos frequentam escolas e, quem não trabalha na cidade, ajuda os pais na lida diária.
Digo estas coisas para lembrar de algo que os sociólogos, pelo menos os sérios, vêm chamando a atenção há décadas, mas os sucessivos governos nunca lhes deram ouvidos, que é o fato de que o homem do campo não precisa de obras faraônicas, nem de bolsas esmolas, mas de medidas simples e eficazes que lhe dê uma condição mínima para trabalhar e produzir.

Não adianta dar terra sem oferecer sementes, água e insumos. Sem lhes garantir mercado e preço mínimo para os seus produtos. O homem do campo precisa de cisternas, poços artesianos, energia elétrica, solar ou eólica, ou ainda a instalação de pequenos geradores movidos a água onde existam pequenas cascatas capazes de mover as pás. Precisa de estradas, mesmo que sejam de chão, em bom estado de conservação. De microcrédito, com juros baixos. Precisa de escolas, cursos de capacitação e atualização, postos de saúde, enfim, precisa de infraestrutura mínima para atende-lo em suas necessidades.

A aridez do sertão nordestino sempre foi terreno fértil para os políticos cultivarem votos a troco de pequenos favores e migalhas. Mas esta realidade está mudando. O Jeca Tatu já aprendeu que precisa calçar botas para não pegar vermes, bicho do pé ou outras doenças que o deixavam cansado e abatido, numa malemolência que invariavelmente era confundida com preguiça.

Ele é inteligente e capaz. É só lhe dar os instrumentos que ele toca e dança a música do conforto e do bem estar que ele tanto merece.

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