Na França o espiritismo sempre teve o caráter mais cientifico do que doutrinário, diferente do Brasil, por isso, o que aparece de moderno em termos de equipamentos de trans comunicação com o mundo espiritual vem da Europa, principalmente da França. Isso estava tornando o espiritismo de Kardec um laboratório de ocultismo com tradições africanas.
Muitos brasileiros
chegaram a participar de reuniões espíritas na Espanha onde o ambiente era
carregado por incensos, pedras e símbolos afro-esotéricos, luas, estrelas
sinais ritualísticos e aquele clima de misticismo no ar.
A coisa só começou a
mudar de rumo na década de 60 quando Divaldo Franco começou fazer peregrinações
pela Europa. O interessante era que, na época, suas palestras eram mais um tipo
de reunião doméstica. Tanto a Espanha como Portugal estavam atravessando um
momento político muito conturbado onde Salazar, em Portugal, apoiava o General
Francisco Franco na Espanha gerando assim um terror total a liberdade de
religião. A coisa era tão séria que qualquer reunião na casa de quem quer que
fosse, com mais de 10 pessoas, teria que ter autorização expressa da própria
polícia. Se alguém tentasse ser "o certinho" solicitando essa tal
autorização, a história mudava de rumo e a coisa se complicava. Ninguém tinha
interesse nessa prática e, até alguns s bispos que tentavam fazer vistas
grossas, eram punidos pela igreja e pelas leis locais.
Mesmo assim Divaldo
continuou em suas peregrinações em cultos e palestras domésticas, em pequenos grupos
onde, até as palmas eram apenas no sistema simulado para não produzir barulho.
Tudo era feito em porões, garagens, quintais cobertos, etc.
Nesse período, muitos
brasileiros em visita ou a trabalho nesses países, começaram a difundir,
lentamente, os avanços do espiritismo brasileiro.
Uma das pessoas que,
no meu ver, teve uma influencia muito grande no renascimento dessa fênix foi a
brasileira Cláudia Bonmartin, hoje radicada na França e presidente da CESAK –
Centro de Estudos Espíritas Allan Kardec, em Paris. Claro que talvez o primeiro
Centro Espírita na Espanha, com o jeitinho brasileiro foi aberto por Dona
Lola de Paes, em 1975, e após a morte do General
Franco. Cláudia teve um papel muito importante em tudo isso.
Cláudia conta que no
início dos anos 70 ela mesma freqüentou algumas reuniões domésticas onde esses
momentos eram regados com incensos, velas, símbolos místicos e um clima
bastante influenciado pelos costumes afro-religiosos, mas logo, os franceses,
espanhóis e até mesmo aos portugueses começaram a conhecer o Espiritismo Kardecista
Brasileiro.
A influência
brasileira crescia tanto que, na década de 90, em congresso em Liege, na
Bélgica, onde Divaldo e a própria Cláudia participaram, foram edificadas as
bases para a criação do CEI - Conselho Espírita
Internacional com o intuito de difundir o espiritismo no mundo.
Desde 1975, a França,
Espanha e também Portugal passaram a praticar um espiritismo tal qual se
pratica aqui no Brasil. Estávamos exportando um espiritismo verde e amarelo
para a terra de Kardec.
Que essa chama
continue a brilhar, sempre.
Conrado Dantas
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