Se doar meu
corpo, não haverá velório? Aceitando a doação, corro risco de acelerarem minha
morte?
Perguntas
como essas surgem em uma roda de conversa entre um professor de anatomia e
quatro mulheres. O assunto: a doação do corpo após a morte.
Todos estão sentados em poltronas confortáveis em
um ambiente espaçoso: a sala de reuniões especiais da Faculdade de Medicina da
Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte.
Na parede,
quadros em homenagem aos professores eméritos da instituição. O cenário é
considerado um dos mais nobres do prédio e não foi escolhido por acaso.
O tema
fúnebre não deixa o clima pesado. O que se vê é um bate-papo descontraído, em
meio a risos e muita curiosidade das mulheres decididas a doar seus corpos à
Medicina.
Quem está ali
para escutá-las é o professor de anatomia da UFMG Humberto Alves. Há 16 anos,
ele se dedica a obter corpos para o ensino da anatomia, dando esclarecimentos a
quem opta por um fim diferente do cemitério ou do crematório.
Se hoje as
entrevistas são leves, no início eram fechadas e metódicas. Com a prática, o
anatomista ficou mais seguro para prolongar a conversa, passando a se
aprofundar nas razões para a doação e nas histórias das pessoas.
"A
aproximação com o doador é fundamental. O simples preenchimento de um
formulário online, como acontece nos Estados Unidos, não é suficiente",
defende o professor.
Importância
Ainda que
existam recursos tecnológicos e modelos em 3D do corpo humano, nada substitui o
cadáver, afirma Alves. Tanto pela forma de aprendizado diferenciada que
proporciona como pela humanização dos estudantes que, muitas vezes, tocam pela
primeira vez em um corpo sem vida.
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