*Grande
viagem*
Estamos em
abril de 2006, quando
(mais) um brasileiro ‘subiu para o espaço’ (a ‘safra’ tem sido grande e
o número de candidatos maior ainda) fico indagando a meu charuto se realmente
vale a pena, a gente levar as coisas muito a sério. A ‘ponta de faca’,
como dizia meu finado avô.
Embora algumas idas ao espaço tenham
custado muito dinheiro, a verdade é que, nem sempre, isso acontece. Você pode,
sem querer, criar asas tipo dançar num plenário de engravatados, devassar a
conta bancária de um cidadão, pagar despesas de campanha sem declará-las e
acabar também, ‘indo para o espaço’. Para onde vão, sempre, as fumaças
companheiras dos meus charutos.
Como não tenho camisa, passe, senha nem
crachá para tais camarotes astronáuticos, cujas cifras e mordomias causam
inveja aos ocupantes da geral - sempre atentos por saberem que o leão não é manso
- dou-me por feliz e satisfeito com meus ‘puros’ e com um passeio sensorial e
cultural pela Estação da Luz na capital paulista. Passeio recomendado.
De
lá cheguei agora mesmo. Das coisas mais lindas vi e vivi naquela antiga estação
ferroviária. Falo daquilo que nos une: a língua.
Trata-se
do Museu da Língua Portuguesa, no qual permaneci por mais de quatro horas. Saí,
com vontade de ficar. Lá, enquanto examinava a Árvore das Palavras, enquanto
assistia a filmes sobre a origem da linguagem, enquanto deixei-me ficar na
Praça da Língua e mesmo quando, na Grande Galeria, assisti a 11 filmes
simultâneos, enquanto tudo isso, pude fumar meu charuto, mandando suas fumaças
para o espaço.
Por ser amante das palavras, talvez
seja eu suspeito para alardear a maravilha. Mas, sinceramente, mesmo não
levando as coisas muito a ‘ponta de faca’, brasileiro que se respeita, não pode
deixar de visitar o Museu da Língua Portuguesa.
Os que, como eu, moram longe da capital
paulista, não precisam se preocupar com despesas de passagens e estadas. Basta
acender seus charutos e viajar em www.museudalinguaportuguesa.org.br Tudo é 0800.
Uma grande viagem.
Tanto quanto a de nosso primeiro
astronauta, e bem mais barata.
Hugo A. de Bittencourt
Carvalho,
economista, cronista, ex-diretor das fábricas de charutos Menendez &
Amerino, Suerdieck e Pimentel, vive em São Gonçalo dos Campos – BA.
([email protected])
Nenhum comentário:
Postar um comentário