sábado, 3 de dezembro de 2022

 


* Encantamento *

 

Como a beleza está nos olhos de quem vê,

encantamento, no coração de quem lê,

em minha prancha,

flutuo contra o vento,

acomodado na ‘wave’ de Tom Jobim.

 Enquanto navego,

“olhos já não podem ver”,

cada qual portanto,

agradeça à máquina da vida

o quanto sua imaginação

encontrará neste marear.

 

“Vou te contar”.

Escrever, seja o que for,

é ato de amor.

Afinal, é “impossível ser feliz sozinho”.

 

Escritor e leitor se completam.

Como, “agora eu já sei”,

do atrito nasce a luz,

nossas trocas mensageiras acendem

um farol a iluminar

“coisas que só o coração pode entender”.

 

Poeta eu?

Coisíssima nenhuma!

Gosto mesmo é de brincar com as palavras.

Diversão pura.

Para atentar neurônios,

pondo-os em clima de vida apaziguada.

 

Haverá, por acaso, melhor expressão

para “tudo que não sei contar”?

“Fundamental é mesmo o amor”,

a verdadeira síntese do viver desapressado.

 

Se poeta não sou,

menos ainda, um que se agiganta.

A propósito, ao lembrar também

“das estrelas que esquecemos de contar”,

o que de tudo, resta?

 

“O resto é mar”.

 

 

Hugo A. de Bittencourt Carvalho, economista, cronista, ex-diretor das fábricas de charutos Menendez & Amerino, Suerdieck e Pimentel, vive em São Gonçalo dos Campos – BA.

 [email protected]

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