sábado, 31 de dezembro de 2022

 


* Repositórios de emoções *

 

Oratórios, capelas,

igrejas, catedrais, santuários.

Não importa o porte.

Vale a fé.

 Maços, caixas, umidores,

tabacarias, fábricas.

Não importa o continente.

Vale o conteúdo.

Maços-oratórios, caixas-capelas,

umidores-igrejas, tabacarias-catedrais,

fábricas-santuários,

sem distinção,

guardam em seus altares,

para os iniciados,

a magia da arte de fumar.

Do maço, ora saco o charuto;

na caixa, ora o escolho;

do umidor, ora o retiro;

na tabacaria, ora o adquiro;

da fábrica, ora o recebo.

Mas nunca oro.

Apenas creio.

Creio, em qualquer dos casos,

que minhas mãos,

um dos umbrais do prazer,

fazem-me chegar aos demais sentidos,

mais um momento especial.

A concentração dos templos.

A contemplação dos crentes.

 A invocação de um ser-estar,

mais do que físico,

materializado, progressivamente,

naqueles rolinhos de felicidade,

enquanto incandescem.

Degustando esta baiana arte nativa,

vejo a obra-prima, aos poucos,

desfazer-se em cinzas.

Das quais, como Fênix,

renascerão os charutos das próximas vezes.

O ser-estar suprafísico se realiza:

sou mais eu, fico mais feliz.

Tanto quanto agora,

vendo e escrevendo.

Ao ver meu charuto se desfazer em cinzas

 e ao estar, outra vez, com meus leitores.

 Até o próximo encontro!

 

 

Hugo A. de Bittencourt Carvalho, economista, cronista, ex-diretor das fábricas de charutos

Menendez & Amerino, Suerdieck e Pimentel,

vive em São Gonçalo dos Campos – BA.

[email protected]

http://livrodoscharutos.blogspot.com

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