Hoje completam-se 80 dias que os professores da rede
estadual de ensino entraram em greve. Eu já disse e vou repetir que se tivesse
um filho meu estudando em escola pública eu não permitiria que ele frequentasse
aulas este ano, mesmo que a greve acabasse. Digo isso porque ninguém vai me
convencer de que os dias perdidos serão repostos satisfatoriamente, sem
prejuízo do aprendizado e das férias das famílias e dos professores.
Como disse, o governo exige professores capacitados e estes por
sua vez, exigem melhores salários e escolas devidamente equipadas. Então porque
não aproveitar que o ano letivo está mesmo perdido e em vez de "jogar para
a torcida" tomar atitudes sérias tais como: Enviar os professores para
cursos de capacitação e atualização, enquanto o governo equipa as escolas se
prepara o plano pedagógico do próximo ano letivo.
Mas é para equipar mesmo. Não é simplesmente pintar as
paredes, trocar algumas telhas e carteiras quebradas e dizer que a escola está
pronta. A escola publica tem que ser compatível com as escolas do ensino
particular que, aliás, não existiria se o ensino público fosse levado a sério. "Fazer
educação não é barato", disse sincera e honestamente o professor Jorge
Portugal, cuja empresa foi contratada para ministrar "aulões" para os
estudantes que participaram do Enem e prestarão vestibular este ano. E não é
pra ser barato mesmo, porque tudo que é bom custa caro.
Porém, dinheiro não é problema, ou pelo menos, não deveria
ser, ante a escorchante taxa tributária que é imposta ao cidadão. Aliás, o
governo federal vive a alardear que a economia brasileira está a mil por hora e
que o Brasil é um exemplo de crescimento e riqueza entres os países em
desenvolvimento. O Governo da Bahia, inclusive, tem investido pesado para ser
uma das sedes da Copa do Mundo de 2014. O que da a entender que todas as demais
prioridades estão atendidas, como, transporte, segurança pública, saúde e,
claro, Educação.
Aliás, insistindo em não cumprir com o que foi acordado com
os professores, que continuam irredutíveis na greve, o governo acaba de
investir R$ 1,5 milhão ao contratar uma empresa para dar os tais
"aulões". E ao que tudo indica, serão verdadeiras aulas-shows porque
serão ministradas por estrelas da educação baiana para milhares de alunos em
cada vez, com direito a sonorização, iluminação, palco e filmagem como todo show que se presa. Só não
disseram se será gravado um DVD ao vivo.
Não sei quanto fôlego ainda resta aos professores para
resistir e nem sei por quanto tempo os pais de alunos resistirão a propaganda
enganosa, intensivamente divulgada na mídia paga com o nosso dinheiro, para
jogar a opinião pública contra os professores. Isto acontecendo será mais uma
batalha perdida para o povo e uma sobrevida para um governo que vive
essencialmente de mentiras e enganos.
Pobres de nós!
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