O amor e a beleza geralmente andam juntos na literatura, no cinema,
na música. E no dia a dia: temos a tendência de achar a pessoa que
amamos a mais bonita da face da Terra (conservadas as devidas exceções, é
claro. Alguns exemplares humanos de rara beleza, geralmente residentes
em Hollywood, ainda podem ocupar secretamente as primeiras posições em
nosso ranking). Agora, pesquisadores ingleses descobriram que essa relação não é por acaso: amor e beleza ativam regiões semelhantes do cérebro.
O estudo, publicado em julho na revista PLoS ONE , foi conduzido por
Semir Zeki e seus colegas do Laboratório de Neurobiologia da University
College London, na Inglaterra, e pretendia analisar a resposta cerebral
de 21 pessoas de diferentes culturas enquanto observavam obras de arte
que consideravam belas. Eles tiveram de avaliar 60 pinturas e 60
composições musicais e categorizá-las como bonitas, feias ou
indiferentes. Depois, foram expostos novamente a esses estímulos
enquanto a sua atividade cerebral era analisada por um exame de
ressonância magnética. O cérebro dos voluntários não mostrou nenhuma
reação significativa quando eles eram expostos a obras que não achavam
bonitas nem feias. As feias estimularam o córtex motor primário e a
amígdala. Já a beleza estimula processos cerebrais bem diferentes.
Tanto pinturas quanto músicas consideradas bonitas ativaram com
intensidade semelhante uma seção de 15 a 17 milímetros de largura do
córtex medial orbitofrontal (além das áreas sensoriais correspondentes).
Com base em pesquisas anteriores, que já relacionavam essa região com a
percepção da beleza, os pesquisadores acreditam que pode haver uma
íntima ligação nessa atividade com processos relacionados ao desejo,
valor e beleza. Isso acontece, por exemplo, quando você acha uma coisa
bonita, passa a desejá-la, e isso afeta o seu julgamento. A música
parecia exercer um efeito mais rápido no cérebro, mas a arte visual
tinha um efeito extra: ela também ativou uma parte do cérebro chamada
núcleo caudado, que tem sido associada a sentimentos de amor romântico e
se ativa quando vemos o namorado, por exemplo. E quanto mais bonito
você considera o estímulo, mais a região se ativa.
Portanto, cinema, literatura e afins têm certa razão: a feiúra não
tem ligação com o amor, pelo menos no que diz respeito à nossa atividade
cerebral. Mas a beleza, sim.
A dúvida que fica, agora, é: amamos porque achamos bonito ou achamos bonito porque amamos?
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