sexta-feira, 1 de agosto de 2014

A festa está acabando 2



   
Falei aqui na semana passada sobre a carência de hospitais filantrópicos que atendem a maioria esmagadora dos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Somente a Santa Casa de Saúde de Misericórdia de São Paulo tem uma dívida acumulada que beira os R$ 500 milhões e o governo enviou, como socorro emergencial, uma verba de R$ 3 milhões. Piada de mal gosto.
         A festa com o dinheiro dos outros já começa a afetar claramente a economia brasileira. Recentemente vazou um relatório de uma rede bancaria sobre uma pesquisa de mercado futuro prevendo que, caso Dilma Rousseff seja reeleita, os investimentos no Brasil serão de alto risco, porque a economia brasileira vai de mal a pior.
         Outro sinal claro de que a festa está acabando surge no meio dos próprios políticos, responsáveis maiores pela baderna e quebradeira nacional. Há uma grita geral de pretensos candidatos à reeleição que simplesmente desistiram porque “as campanhas ficaram muito caras”. Um cabo eleitoral hoje em dia está “pela hora da morte”.
         Temos exemplos aqui mesmo em Feira de Santana e em todo o estado da Bahia de políticos antigos que botaram a boca no mundo para reclamar do alto custo das campanhas eleitorais. Diria Raul Seixas: “Carrascos e vítimas do próprio mecanismo que criaram”. Aliás, não só na economia, mas em diversos outros setores do nosso cotidiano esta frase cabe como uma luva.
         E de quem é culpa? Se você apontou o dedo para os políticos acertou em parte. Mas, deveria ter apontado o dedo para si mesmo, porque todos nós somos culpados de alguma forma pelo que está acontecendo. Quando reclamamos que determinado político usou de tráfico de influência, isso quer dizer que ele usou o seu prestigio de membro do governo para facilitar alguma operação ilegal para alguém. E quem seria esse alguém senão um eleitor dele?
         Pois é. Acusamos o mal comportamento de alguém, mas, não abrimos a boca se esse mal comportamento nos favorece de alguma forma. É o famoso “jeitinho brasileiro”. Nada contra o “jeitinho”, desde que ele seja aplicado em situações de bom senso quando quebramos a regra para corrigir uma situação esdrúxula e que pode ser resolvida apenas com boa vontade, sem ferir a lei ou ao interesse de quem quer que seja.
         O problema acontece a partir do momento em que trocamos os nossos votos por favores pessoais, calamos a boca por medo, conivência ou conveniência, diante de práticas ilegais e não exigimos dos políticos que façam com zelo e honestidade os trabalhos pelos quais pagamos caro (e bota caro nisso) para que sejam feitos.
         Quando eu digo que o Brasil não tem jeito, é porque seria necessário todo um processo de reeducação de nós mesmos e uma mudança profunda e séria em todo o sistema eleitoral e governamental. O Brasil é um grande país, bonito e cheio de recursos naturais. Mas, precisa de um povo que saiba cuidar dele. E com certeza não somos nós.

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