Falei aqui na
semana passada sobre a carência de hospitais filantrópicos que atendem a
maioria esmagadora dos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Somente a
Santa Casa de Saúde de Misericórdia de São Paulo tem uma dívida acumulada que
beira os R$ 500 milhões e o governo enviou, como socorro emergencial, uma verba
de R$ 3 milhões. Piada de mal gosto.
A festa com o dinheiro dos outros já
começa a afetar claramente a economia brasileira. Recentemente vazou um
relatório de uma rede bancaria sobre uma pesquisa de mercado futuro prevendo
que, caso Dilma Rousseff seja reeleita, os investimentos no Brasil serão de
alto risco, porque a economia brasileira vai de mal a pior.
Outro sinal claro de que a festa está
acabando surge no meio dos próprios políticos, responsáveis maiores pela
baderna e quebradeira nacional. Há uma grita geral de pretensos candidatos à
reeleição que simplesmente desistiram porque “as campanhas ficaram muito
caras”. Um cabo eleitoral hoje em dia está “pela hora da morte”.
Temos exemplos aqui mesmo em Feira de
Santana e em todo o estado da Bahia de políticos antigos que botaram a boca no
mundo para reclamar do alto custo das campanhas eleitorais. Diria Raul Seixas:
“Carrascos e vítimas do próprio mecanismo que criaram”. Aliás, não só na economia,
mas em diversos outros setores do nosso cotidiano esta frase cabe como uma
luva.
E de quem é culpa? Se você apontou o
dedo para os políticos acertou em parte. Mas, deveria ter apontado o dedo para
si mesmo, porque todos nós somos culpados de alguma forma pelo que está
acontecendo. Quando reclamamos que determinado político usou de tráfico de
influência, isso quer dizer que ele usou o seu prestigio de membro do governo
para facilitar alguma operação ilegal para alguém. E quem seria esse alguém senão
um eleitor dele?
Pois é. Acusamos o mal comportamento de
alguém, mas, não abrimos a boca se esse mal comportamento nos favorece de
alguma forma. É o famoso “jeitinho brasileiro”. Nada contra o “jeitinho”, desde
que ele seja aplicado em situações de bom senso quando quebramos a regra para
corrigir uma situação esdrúxula e que pode ser resolvida apenas com boa vontade,
sem ferir a lei ou ao interesse de quem quer que seja.
O problema acontece a partir do momento
em que trocamos os nossos votos por favores pessoais, calamos a boca por medo,
conivência ou conveniência, diante de práticas ilegais e não exigimos dos
políticos que façam com zelo e honestidade os trabalhos pelos quais pagamos
caro (e bota caro nisso) para que sejam feitos.
Quando eu digo que o Brasil não tem
jeito, é porque seria necessário todo um processo de reeducação de nós mesmos e
uma mudança profunda e séria em todo o sistema eleitoral e governamental. O
Brasil é um grande país, bonito e cheio de recursos naturais. Mas, precisa de
um povo que saiba cuidar dele. E com certeza não somos nós.
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