quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Depoimento de um feirense que trabalhava com Eduardo Campos


        
O publicitário e escritor feirense Victor Mascarenhas, trabalhava na campanha de Eduardo Campos, a quem conhecia desde 2006, e se tornou desde então um grande fã do político pernambucano. Ainda comovido com o falecimento precoce do ex-governador do Pernambuco e presidenciável, ele posto no facebook o seu depoimento sobre a liderança nacional emergente. Leia a seguir o que ele disse.

“Conheci Eduardo Campos em 2006, trabalhando como redator na sua primeira campanha para o governo de Pernambuco. Era uma campanha sem dinheiro, com estrutura precária, mas com uma equipe aguerrida, talentosa e movida pelo entusiasmo de Eduardo.
Foi uma grande campanha, onde fiz grandes amigos, vivi grandes momentos e celebrei uma grande vitória. Ainda lembro da noite em que recebi as imagens do comício de encerramento, onde Waldir Pires dizia sentir a presença de Miguel Arraes naquela praça e a multidão, em uníssono, gritou: “Arraes, guerreiro do povo brasileiro”. Nesse momento, percebi que Eduardo, com nossa ajuda, conseguiu resgatar a memória desse grande brasileiro que foi o seu avô. Os olhos marejados do neto, marejaram os meus na ilha de edição.
Em 2010, retorno a Pernambuco para a sua reeleição. Uma vitória tranquila, pensei. Mas Eduardo queria mostrar seu trabalho e exigia ainda mais. Exigiu tanto e nos dedicamos tanto, que ele começou a campanha com 60% e terminou com inacreditáveis 83% dos votos. Escrevi praticamente todos os seus textos naquela eleição, sempre buscando as expressões que ele gostava de usar. Eduardo gostava de “olhar pra frente”, de “deixar para trás os velhos ódios”, de mostrar que estava sempre “animado”, de “tirar do papel e botar pra funcionar”, de fazer uma campanha com “paz, amor e vitória” e de dizer sempre que “agora é daqui pra melhor”.
Era um político que gostava de gente, era atencioso, bem humorado, contava piadas e causos como poucos. Um cara que não marcava agenda de campanha domingo à noite, porque esse dia era sagrado para jantar com sua esposa e os filhos e se recusava a gravar um texto com um projeto que ele não tinha certeza que poderia executar.
Uma das últimas vezes em que estive com ele foi no dia em que Marina entrou no PSB. Estava animado, como sempre, e mesmo no centro de uma enorme mesa repleta de figurões da república, levantou para falar comigo e perguntou “Achou o quê de Marina com a gente?”. E eu respondi: “Já pode preparar a roupa para a posse, presidente”.
Depois disso, trabalhei em comerciais do partido e no programa onde ele e Marina conversaram sobre nosso país. Com Eduardo consegui participar um pouco, ainda que como coadjuvante do coadjuvante, da história do Brasil, conheci pessoas admiráveis como Ariano Suassuna e fiz grande amigos. Infelizmente o destino não quis que o Brasil tivesse um grande presidente. Se seria agora, em 2018 ou em 2022, não importa. Acreditar que poderia ser um dia já era suficiente para Eduardo ficar "animado" e acreditar que seria "paz, amor e vitória" no final”.

Nenhum comentário: