
Ele disse que
gostaria de ter mais: “Gostaria muito, porque aí minha votação sem dúvida
seria mais expressiva”.
Como se não
bastasse emendou:
“Colocamos lá
pessoas além de capacitadas para exercer a função, pessoas também que sem
dúvida contribuíram com nosso mandato, com nossa eleição"
E acha que o
abuso é não só legal, como obrigatório:
Ele
justifica: “Nós que fazemos parte da base do governo, acho que merecemos sim
ser contemplados com algumas indicações. Não vejo nada demais nisso”.
Exceto se
estivermos vivendo em Marte o uso da máquina pública com fins eleitorais se
constitui crime. A confissão pública e espontânea torna imperativo
explicações ao Ministério Público que não tem como se esquivar de pedido
de esclarecimentos
Estamos vivendo tempos estranhos.
A maldição presidencial
Assim como o
Egito penou por suas sete pragas, no Brasil, estamos pagamos pela
maldição presidencial que oscila entre o Fora Temer e o Tchau Querida.
Dedicamos a eles tempo, ira, discursos, redes sociais. Com este ódio
direcionado esquecemos que as reais mazelas e reformas são devidas ao
Congresso. Eivado de mordomias, cumplicidades, omissões, biografias corruptas,
corporativismo, não exerce seu papel. Não fiscaliza, não legisla, não
muda.
Cumprissem
com o mínimo sua obrigação constitucional e o presidencialismo
brasileiro não seria o faraonismo que é, nem estaria havendo a
judicialização da política. Não podemos esquecer que é de lá que tem de
sair as reformas, os ajustes, as propostas, as respostas que a Sociedade
brasileira tanto pede. Quando ficamos focados na maldição presidencial e
deixamos de ir às ruas e as redes pressionar o Congresso, cobrar, exigir,
punir, repudiar, aplaudir, os congressistas, lhes conferimos uma
impunidade que faz, apenas, aflorar os maus costumes, as barganhas, as
negociatas.
É para cima
do Congresso que temos de ir!
Vaquejada, os direitos dos bois e dos peixes
O STF
atendendo a um pedido da PGR (Procuradoria Geral da República) em relação a uma
lei estadual do Ceará que regulamentava a vaquejada decidiu criminalizar a
prática, comum no Nordeste, onde é um traço cultural que movimenta milhões de
pessoas e reais.
Além da
questão jurídica o que permeia esta decisão é a delimitação de crueldade com os
animais (inciso VII do artigo 225 da CF), ou, qual o limite da ação humana com
os animais para lazer ou exploração comercial. E, até mesmo, subsistência. Para
esta, ao menos, temos como razão a necessidade de manter a vida, e, como estamos
no topo da cadeia alimentar, isto seria justificável, embora, alguns questionem
até mesmo esta utilização.
Acontece que
usando o princípio que adotou o STF, filosoficamente, temos que universalizar
esta conduta, ou definir um código regulatório de usos admissíveis, embora sem
a opinião dos animais- parte interessada- impedidos de se manifestarem por
designo da natureza, para definirem o que é crueldade. Ou temos de proibir
imediatamente os rodeios (que tem fim unicamente comercial, sem sequer ter o
atenuante de ser um traço cultural local); as competições com cavalos (turfe,
polo, etc), que correm açoitados e estimulados por ferozes esporas; as
exibições em aquários; o uso de camelos para passeios nas praias; os
zoológicos, pois os animais são mantidos em jaulas, cercados, fora do habitat;
os bichos nos circos; e, a rigor, o hipismo, pois submeter um animal a
treinamentos exaustivos, repetitivos, estressantes, apenas para a conquista de
medalhas por humanos, soa abusivo com os cavalos. Do mesmo modo o uso de cães
como vigias, afinal, fere a ética treinar alguém para matar, até mesmo um cão,
e, depois, mantê-los presos em correntes durante todo o dia e até mesmo a
utilização pela Polícia para cheirar cocaína, ou morder trabalhadores e
estudantes nas manifestações, pois este não seria o destino natural deles.
Enfim, há um
infinito de ações nas quais a utilização de animais parece impor sofrimento, ou
não ser ético. Não sabemos o que é tolerável ou não. Estamos agindo baseados em
que referência? O que nos parece visualmente agressivo? O que nos parece mais
supérfluo? Há animais mais nobres? Há utilizações mais legítimas que outras?
Não posso admitir a proibição da vaquejada sem proibição da pesca esportiva. Corre-se com o boi e ele é derrubado em minutos. Um peixe ferroado por um arpão, preso a boca por um anzol, debate-se por uma hora ou mais lutando pela vida, desesperadamente. Apenas para que o pescador tire um foto, arranque o anzol e o jogue de volta ao rio, ou mar. Então, a pesca é constitucional, a vaquejada não? Porque os direitos dos bois são mais importantes do que os direitos dos peixes?
Não posso admitir a proibição da vaquejada sem proibição da pesca esportiva. Corre-se com o boi e ele é derrubado em minutos. Um peixe ferroado por um arpão, preso a boca por um anzol, debate-se por uma hora ou mais lutando pela vida, desesperadamente. Apenas para que o pescador tire um foto, arranque o anzol e o jogue de volta ao rio, ou mar. Então, a pesca é constitucional, a vaquejada não? Porque os direitos dos bois são mais importantes do que os direitos dos peixes?
Ao punir a
vaquejada, liberando todas as demais intervenções o STF está sendo
discricionário com uma atividade específica, punindo um grupo, apenas, de
praticantes, sem sequer um termo de ajustamento de conduta (TAC). Se formos
contra todos os maus tratos aos animais, apoio; se formos contra apenas a
vaquejada, sem a imediata suspensão dos rodeios, por exemplo, à moda do STF,
abro divergência.
O mau cheiro na Lagoa
A reforma da
Lagoa Grande é a maior e mais impactante obra de Feira de Santana. Deu a cidade
mais que um espaço de lazer; legou um cartão postal. Muitas pessoas, no
entanto, tem reclamado das condições das ruas ao seu redor, da presença de
esgotos que continuam sendo lançados na Lagoa e do mau cheiro que emana do
local- hoje de manhã estava insuportável-, a depender dos ventos.
É preciso
completar o urbanismo do entorno e concluir o sistema de esgotamento da região
como estava previsto nas verbas liberadas pelo governo federal. As
estações elevatórias estavam sendo iniciadas e não podem se arrastar
indefinidamente sob pena do feirense perder o encantamento com sua maior
mudança urbana
Que o mau
cheiro não exale da decisão de concluir a obra.
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