Intelectual dizendo “quem deveria ganhar
o Nobel” equivale a jornalista esportivo palpitando sobre como o Neymar deve
comemorar quando faz gol – coisa que alguns deles até fazem mesmo.
Um texto bem compartilhado do New York Times dá a entender que a função do Nobel é
social – que quem já foi reconhecido pela humanidade como gênio não deveria
ganhar. Tá certo. Vamos premiar só quem está na sarjeta, então. A peça também
diz que o prêmio deveria ter ido pra algum escritor de país pobre. Opa. Eu,
como escritor de país pobre, adoraria que isso virasse critério, já que
com a grana do Nobel dá pra comprar um bom apto de dois quartos em Higienópolis
e passar o resto da vida tomando negroni à tarde na Praça Vilaboim. De resto,
exigir cota em prêmio é tão imbecil quanto dar automaticamente um título de
campeão brasileiro pro Asa de Arapiraca pelo magnífico trabalho que o Asa faz
junto aos menores carentes de Arapiraca (caso o time faça algum mesmo).
Depois, o texto do NYT conclui que o
Nobel foi pra ele pra “se aproximar das novas gerações, que não lêem mais”. Que
novas gerações? Bob Dylan escreveu a parte mais relevante da obra dele há 50
anos. E que “não lêem mais”? Pelo amor. Nenhuma geração na história da
humanidade leu mais do que a dos jovens de agora.
Qual é o Harry Potter da geração passada? E quem é o George R.R. Martin dos nossos avós? Tava todo mundo lendo Dostoiévski, por acaso? Não: tava todo mundo assistindo o Programa da Hebe.
Se os suecos tivessem a ideia deliberada de agradar os mais jovens, sabe-se lá em nome de quê, davam o prêmio pra J.K. Rowling e pronto (no que não fariam mal – existe mérito literário em criar uma mitologia idolatrada por 1 bilhão de pessoas). Mas não: premiaram um poeta que publicou sua obra em forma de música. E que é ostensivamente reconhecido como o maior letrista vivo. Ponto para os suecos.
Qual é o Harry Potter da geração passada? E quem é o George R.R. Martin dos nossos avós? Tava todo mundo lendo Dostoiévski, por acaso? Não: tava todo mundo assistindo o Programa da Hebe.
Se os suecos tivessem a ideia deliberada de agradar os mais jovens, sabe-se lá em nome de quê, davam o prêmio pra J.K. Rowling e pronto (no que não fariam mal – existe mérito literário em criar uma mitologia idolatrada por 1 bilhão de pessoas). Mas não: premiaram um poeta que publicou sua obra em forma de música. E que é ostensivamente reconhecido como o maior letrista vivo. Ponto para os suecos.
Mas o legal mesmo é outra coisa: ver o
resto do mundo reclamando de um não-escritor sendo reconhecido como grande
escritor, pq aqui no Brasil isso é tão carne de vaca que ninguém nem reclama
mais. FHC, Sarney e Marco Maciel, todos membros da Academia Brasileira de
Letras, que o digam.
Um comentário:
Eu não gosto de Bob Dylan, mas separo o homem do artista. Portanto, vejo nele todos os méritos para receber o prêmio.O Alexandre aí mandou bem e bateu na ponta do queixo dos porraloucas hipócrit e demegogos que puluam não só o Brasil mas também no mundo inteiro (claro que aqui está ´pior que em muitos lugares). E é bom que os brasileiros (psicólogos, peadgogos, socióligos e petralhas em geral, entendam de uma vez que eles são malucos, mas os suecos do P´^emio Nobel demonstram muita lucidez nas suas escolhas.
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