terça-feira, 26 de dezembro de 2017

A cidade europeia em que a fronteira entre dois países divide casas ao meio



Um recanto sossegado no norte da Europa chama a atenção por uma anomalia geográfia - muitas de suas casas são divididas por uma fronteira internacional, que passa no meio das propriedades.
Desta forma, um casal pode deitar na mesma cama, mas dormir em países diferentes. E há quem mude a porta principal da casa de lugar para obter vantagens econômicas.
Não muito longe da fronteira com a Bélgica, o município holandês de Baarle-Nassau abriga cerca de 30 enclaves belgas, conhecidos como Baarle-Hertog.

Toda essa confusão remete à Idade Média, quando lotes de terra foram divididos entre diferentes famílias da aristocracia local. Baarle-Hertog (hertog significa "duque" em holandês) pertenceu ao duque de Brabante, enquanto Baarle-Nassau era propriedade da Dinastia Nassau.
Quando a Bélgica declarou a independência dos Países Baixos, em 1831, as duas nações ficaram embaralhadas de tal forma que os sucessivos regimes que assumiram foram dissuadidos de definir suas áreas de jurisdição exatas.
As fronteiras não foram estabelecidas até 1995, quando o último lote restante da "terra de ninguém" foi concedido à Bélgica.

Diferenças
Dos cerca de 9 mil moradores da região, aproximadamente três quartos têm passaporte holandês.
O município holandês também detém, de longe, a maior parte de terra -76 quilômetros quadrados, em comparação com os 7,5 quilômetros quadrados belgas.
À primeira vista, não é fácil distinguir os territórios, que poderiam ser confundidos com qualquer cidade típica holandesa.
Mas, depois de algum tempo, as diferenças se tornam evidentes. Há marcações nas calçadas - cruzes brancas com 'NL' em um lado e 'B' no outro - e bandeiras ao lado dos números das casas para indicar a que país pertencem.
Além disso, as propriedades holandesas são mais padronizadas que a dos vizinhos belgas. Suas calçadas são cobertas por limoeiros, com galhos cuidadosamente podados e trançados como parreiras de uva.
Já a parte belga tende a ter uma diversidade arquitetônica maior.
Se o visitante tiver o ouvido bom, também pode diferenciar os sotaques, explica Willem van Gool, presidente do escritório de turismo de Baarle. Embora a língua francesa seja ensinada nas escolas belgas, o holandês é o idioma principal de ambas as comunidades.
"Com os belgas é mais como um dialeto, e com os holandeses, (o som) é mais ... limpo", observa van Gool.
Esse fato, aliado à abordagem menos usual das residências no lado belga, levou parte dos holandeses a menosprezar os vizinhos.
"Nos dias em que as aulas nas escolas acabavam ao mesmo tempo, os jovens brigavam", lembra van Gool.
Mas isso acabou na década de 1960, quando os dois prefeitos da cidade (um holandês e um belga) alteraram os horários das escolas e determinaram que o clube juvenil promovesse interações positivas entre os jovens. Leia mais no BBCBrasil

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