sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Ronaldo endurece discurso com Rui Costa de olho na sucessão

O sábado era para ter sido de rara sombra e água fresca, mas o imperioso convite do Secretário de Comunicação, Valdomiro Silva, levou-me ao Encontro com Jornalistas, um excelente evento que ele promove anualmente. Teria valido a pena ouvir Reni Alves falar sobre o hercúleo trabalho de ouvir 24 programas por dia e as preciosidades que têm gravadas; Agnaldo Santos com sua majestosa voz expor sobre a entrevista coletiva, e Dilton Coutinho, líder do programa de maior sucesso na cidade, fazer os alertas sobre os meios para construir credibilidade, mas o evento contou com uma atração extra: a estréia de um novo José Ronaldo, o longevo prefeito e maior líder político de Feira. 
 
Diante de espantados jornalistas Ronaldo fez o mais duro ataque ao governador Rui Costa, em um estilo completamente diferente do seu habitual tom conciliatório. Afirmou que renunciaria se fosse provado que Wagner ajudou a obter verbas para o BRT, que Rui Costa não fez nenhuma obra em Feira em três anos, que não fez e não fará o Centro de Convenções, nem o daqui, nem o da capital, que Feira não terá o total dos atendimentos da Policlínica, que a Lagoa Grande é um esgoto e que o governo promete e nunca termina a obra, que a verba investida no Hospital da Criança é menor do que o anunciado e que R$ 24milhões foi repassado a Prefeitura de Itabuna para cooptar o prefeito de lá. 
 
A verdade é que pouco importa quais eram as acusações, o que interessa é o tom de enfrentamento. Ronaldo aproveitou um evento com jornalistas para mover uma peça no xadrez sucessório já que sabe que sua declaração pautaria todos os veículos de imprensa e repercutiria na capital. Foi um discurso de candidato, de quem está se pondo na chuva disposto a se molhar. Político experiente, hábil, experimentado, Ronaldo, jamais daria esse passo se algo maior não estivesse em jogo nos bastidores da política baiana, que cada vez mais é abalada pela Lava-Jato e sobre a qual paira a ameaça de uma delação do insaciado Geddel Vieira Lima, aquele que guardava malas de dinheiro no lavabo da casa de sua mãe. 
 
O tom forte de Ronaldo, ao chamar o governador para a briga, teve endereço certo. Não foi a toa que afirmou que até março muita coisa pode acontecer na política da Bahia. Há algo sendo acordado  e Ronaldo está buscando o lugar de protagonista. O sábado saiu melhor do que a encomenda. 

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