Collette e
Scott Stohler têm uma carreira aparentemente de sonhos.
Viajam o mundo
por seis meses ao ano e ganham dinheiro para postar fotos e vídeos e escrever
posts sobre os destinos em seu website e em redes sociais.
Seu feed do Instagram(@Roamaroo) é uma montagem
colorida de momentos perfeitos - canoagaem em águas azul-turquesa, brindes em
varandas requintadas e carícias em praias desertas. Colette, porém, explica que
os bastidores não contam com tanto glamour assim.
Influência
"Fiquem
sabendo que a gente está na praia apenas para tirar a foto", alerta. Enquanto muita gente pode achar difícil sentir pena
do casal, ela diz que a vida de influenciadores digitais requer trabalho duro e
constante, pois milhares de pessoas estão competindo pelas mesmas verbas de
marketing.
O número de
pessoas que, assim como os Stohler, têm imensas audiências online e buscam
empresas querendo pegar carona nesse sucesso, está crescendo. E a indústria
evolui rapidamente.
Mas é uma
minoria que consegue ganhar a vida assim. Phillip Trippenbach, chefe do
departamento de influência da empresa de marketing Edelman, explica que,
enquanto "os melhores do ramo" ganham muito dinheiro, há quem receba
quase nada.
De acordo com a
revista de publicidade Adweek, o custo de um post patrocinado em uma rede
social é de US$ 300. Colette e Scott, de 30 e 34 anos, e que vivem em Los
Angeles, cobram US$ 2000 por postagem e ganham por volta de US$ 200 mil por
ano.
Vida nômade
Mas a maior
parte desse dinheiro é reinvestido no negócio. "Não acontece do nada, você
precisa prospectar. Para cada 50 propostas que enviamos, apenas algumas recebem
aprovação. Você precisa de paixão e tenacidade", afirma Scott.
Colette era
engenheira e Scott, produtor de anúncios. Lançaram a Roamaroo em 2015. Ao final
de uma viagem de sete meses ao redor do mundo perceberam que seus seguidores
tinham crescido nas mídias sociais.
E fizeram do
estilo de vida nômade um negócio. Em parceira com
órgãos turísticos, hotéis e outros, eles agora planejam viagens que documentam
em seu website e suas contas sociais.O processo
começa com conversas com clientes em potencial e acordos para "fazer a
cobertura" das próprias viagens.
No caso de
hotéis, por exemplo, o acordo normalmente inclui passagens e hospedagem pagas,
além de uma remuneração pela produção de conteúdo. Outras empresas
simplesmente pagam pelo uso de produtos nas imagens da viagem. Os clientes
podem determinar, por exemplo, o número de posts no instagram, mas o casal diz
ter a última palavra sobre o que vai para as redes.
Material
patrocinado corresponde a 25% do conteúdo das mídias sociais dos Stohler, e os
clientes também buscam por seus serviços. Quando viajam "sob
encomenda", o itinerário e as atividades giram em torno dos planos dos
clientes em vez de serem uma escolha própria. E, nesses casos, explica Colette,
"passamos a maioria do tempo tirando fotos ou filmando".
"Dificilmente
temos tempo de curtir viagens de trabalho, mas às vezes incluímos um dia do no
final por nossa conta".
Outro casal viajante californiano, Kit Whistler e J.R. Switchgrass, acumulou mais de 150 mil seguidores no Instagram documentando suas viagens na conta @IdleTheoryBus, o que envolve nadar pelado em rios, fazer caminhadas em parques dos EUA e observar estrelas em locais isolados.
Outro casal viajante californiano, Kit Whistler e J.R. Switchgrass, acumulou mais de 150 mil seguidores no Instagram documentando suas viagens na conta @IdleTheoryBus, o que envolve nadar pelado em rios, fazer caminhadas em parques dos EUA e observar estrelas em locais isolados.
Inicialmente,
tentaram financiar suas viagens como influenciadores, depois de passar três
anos viajando e morando em uma Kombi laranja. Mas o casal, que tem menos de 30
anos, perdeu o encanto rapidamente com o esquema.
"Você não
consegue viver 'vendendo' seguidores, a não ser que queira viver na pobreza ou
que todos os seus posts sejam patrocinados", diz Kit. No entanto,
conseguiram um acordo com uma empresa de água mineral, cujos termos incluem
fotos patrocinadas uma vez por mês, e que garante 10% de sua renda.
O resto do dinheiro vem das vendas de seus livros
de fotos e histórias, além de fotos profissionais para agências imobiliárias, e
mesmo trabalhos manuais.
"Temos
relacionamentos com pessoas que respeitam nossa arte e querem que façamos mais.
Empresas não pagam algo que valha isso", explica Kit. Se a vida de
influenciador é dura, a indústria está crescendo e não há regras rígidas sobre
o que funciona, em especial no que concerne a pagamentos.
A eficiência do
marketing de influência ainda é discutível. Um estudo da empresa Rakuten
descobriu que quase 40% das companhias não conseguem mensurar o impacto dos
influenciadores em seu volume de vendas e 86% não sabem como influenciadores
calculam o preço de seus serviços.
Ainda assim,
75% planejam aumentar seu orçamento na área em 2018. "É uma espécie de Velho Oeste ou Corrida do
Ouro do momento", diz Trippenbach.
"Dá para ganhar dinheiro? Sim, e a fonte vai aumentar. Mas se você realmente quer viver disso, precisa ser sensacional. Tem que ser capaz de parar os meus dedos quando eu estiver olhando meu Instagram de manhã. Você está competindo com o vídeo da minha sobrinha andando pela primeira vez. Precisa igualar essa intensidade emocional", finaliza. (BBCBrasil)
"Dá para ganhar dinheiro? Sim, e a fonte vai aumentar. Mas se você realmente quer viver disso, precisa ser sensacional. Tem que ser capaz de parar os meus dedos quando eu estiver olhando meu Instagram de manhã. Você está competindo com o vídeo da minha sobrinha andando pela primeira vez. Precisa igualar essa intensidade emocional", finaliza. (BBCBrasil)
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