O que alguém
faz depois de descrever a natureza do universo pela primeira vez na história?
Nos anos 1920,
Albert Einstein já havia criado a teoria quântica e resolvido a da
relatividade. Ele então embarcou em sua última grande expedição pelos mistérios
mais profundos da física, naquilo que se tornaria a realização incompleta de um
sonho: a busca de uma teoria unificada que conectaria todas as forças da
natureza em uma única equação mestra.
Esse é o
Einstein que mais conhecemos, aquele que buscou resolver os enigmas mais
obscuros do mundo.
Mas, ao mesmo
tempo, ele tinha trabalhos paralelos.
Um deles era a
invenção de um novo tipo de geladeira.
Sim, Einstein
também foi um inventor. Esta nunca foi a parte principal de seu trabalho, mas
ele a levava a sério.
No entanto,
ainda parece um pouco estranho que o homem que nos deu a equação E = mc2 e
mudou as noções da ciência sobre o tempo e o espaço tenha decidido criar um
eletrodoméstico.
O caminho para a fama
O que aconteceu
com Einstein durante sua vida adulta, entre o jovem gênio e o senhor de cabelos
brancos e língua de fora que conhecemos nas fotos? Perguntamos a Katy Price,
professora da University Queen Mary de Londres, que pesquisou o período de
celebridade emergente do físico na década de 1920.
"Nós
realmente não pensamos muito sobre como o jovem Einstein se transformou no mais
velho, e é nessa fase em que tudo está realmente mudando", diz ela.
"Em todo o
mundo, se falava sobre a sensacional nova teoria do Universo. Uma manchete do
[jornal] New York Times, por exemplo, dizia: 'Jazz no mundo científico'".
"Na imprensa, descreveram muito a sua
aparência: a roupa que ele usava, seus cabelos, seus olhos...: 'Parece um homem
afetuoso, é bom com crianças, toca violino'. Era uma tentativa de humanizar a
pessoa que nos deu essa teoria matemática intensamente abstrata."
Mas tudo isso
contrastava fortemente com o que estava acontecendo na sua Alemanha natal.
Turbulências
Pode-se
imaginar que Einstein estivesse desfrutando do sucesso e da fama em seu auge. Mas,
na verdade, esse período de sua vida foi difícil, tanto na ciência como na vida
privada e no seu país. Ele já tinha se casado duas vezes, tinha vários casos
amorosos e seu relacionamento com a segunda esposa, Elsa, claramente não era
pacífico.
Uma parte da
imprensa alemã também não era favorável ao cientista. Eles criticavam suas ideias
internacionalistas, acusadas de antipatrióticas. E, desde os anos 1920, essa
crítica já estava tingida de antissemitismo.
Em 1933, o
jornal nazista Völkische Beobachter atacou abertamente suas teorias científicas
por virem de um judeu.
"O exemplo
mais importante da influência perigosa dos círculos judeus nos estudos da
natureza vem do Sr. Einstein, com suas teorias matematicamente toscas que
consistem em algum conhecimento antigo acrescido de incrementos
arbitrários."
Einstein chegou a temer por sua vida.
"E com
razão", diz Price.
"No New
York Times, no meio da cobertura de suas palestras, há notícias de que, em
Berlim, um líder antissemita foi multado por tentar organizar um complô para
matar Einstein. Então, na verdade, alguns queriam matá-lo e outros queriam
matar sua ciência."
Parceria para invenção
Em 1926,
Einstein leu uma notícia no jornal sobre uma família que morreu após gases
tóxicos escaparem de sua geladeira. Essa triste história deve ter-lhe comovido,
porque ele começou a fazer algo para tentar resolver o problema. Talvez fosse
porque ele queria se distrair; ou pode ter sido um reflexo de sua conhecida sensibilidade.
O fato é que
Einstein conhecia uma pessoa que poderia ajudá-lo: um brilhante jovem formado
na Universidade de Berlim chamado Leo Szilard.
Szilard era um
especialista em termodinâmica, a ciência que descreve como o calor se move - e
isso é o que faz uma geladeira funcionar.
E, bem, não se
rejeita um pedido de parceira com Einstein, certo?
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