quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Einstein inventando uma geladeira? A fase menos conhecida do cientista mais famoso do mundo



O que alguém faz depois de descrever a natureza do universo pela primeira vez na história?
Nos anos 1920, Albert Einstein já havia criado a teoria quântica e resolvido a da relatividade. Ele então embarcou em sua última grande expedição pelos mistérios mais profundos da física, naquilo que se tornaria a realização incompleta de um sonho: a busca de uma teoria unificada que conectaria todas as forças da natureza em uma única equação mestra.
Esse é o Einstein que mais conhecemos, aquele que buscou resolver os enigmas mais obscuros do mundo.
Mas, ao mesmo tempo, ele tinha trabalhos paralelos.
Um deles era a invenção de um novo tipo de geladeira.
Sim, Einstein também foi um inventor. Esta nunca foi a parte principal de seu trabalho, mas ele a levava a sério.

No entanto, ainda parece um pouco estranho que o homem que nos deu a equação E = mc2 e mudou as noções da ciência sobre o tempo e o espaço tenha decidido criar um eletrodoméstico.

O caminho para a fama
O que aconteceu com Einstein durante sua vida adulta, entre o jovem gênio e o senhor de cabelos brancos e língua de fora que conhecemos nas fotos? Perguntamos a Katy Price, professora da University Queen Mary de Londres, que pesquisou o período de celebridade emergente do físico na década de 1920.
"Nós realmente não pensamos muito sobre como o jovem Einstein se transformou no mais velho, e é nessa fase em que tudo está realmente mudando", diz ela.
"Em todo o mundo, se falava sobre a sensacional nova teoria do Universo. Uma manchete do [jornal] New York Times, por exemplo, dizia: 'Jazz no mundo científico'".
"Na imprensa, descreveram muito a sua aparência: a roupa que ele usava, seus cabelos, seus olhos...: 'Parece um homem afetuoso, é bom com crianças, toca violino'. Era uma tentativa de humanizar a pessoa que nos deu essa teoria matemática intensamente abstrata."
Mas tudo isso contrastava fortemente com o que estava acontecendo na sua Alemanha natal.

Turbulências
Pode-se imaginar que Einstein estivesse desfrutando do sucesso e da fama em seu auge. Mas, na verdade, esse período de sua vida foi difícil, tanto na ciência como na vida privada e no seu país. Ele já tinha se casado duas vezes, tinha vários casos amorosos e seu relacionamento com a segunda esposa, Elsa, claramente não era pacífico.
Uma parte da imprensa alemã também não era favorável ao cientista. Eles criticavam suas ideias internacionalistas, acusadas de antipatrióticas. E, desde os anos 1920, essa crítica já estava tingida de antissemitismo.
Em 1933, o jornal nazista Völkische Beobachter atacou abertamente suas teorias científicas por virem de um judeu.
"O exemplo mais importante da influência perigosa dos círculos judeus nos estudos da natureza vem do Sr. Einstein, com suas teorias matematicamente toscas que consistem em algum conhecimento antigo acrescido de incrementos arbitrários."
Einstein chegou a temer por sua vida.
"E com razão", diz Price.
"No New York Times, no meio da cobertura de suas palestras, há notícias de que, em Berlim, um líder antissemita foi multado por tentar organizar um complô para matar Einstein. Então, na verdade, alguns queriam matá-lo e outros queriam matar sua ciência."

Parceria para invenção
Em 1926, Einstein leu uma notícia no jornal sobre uma família que morreu após gases tóxicos escaparem de sua geladeira. Essa triste história deve ter-lhe comovido, porque ele começou a fazer algo para tentar resolver o problema. Talvez fosse porque ele queria se distrair; ou pode ter sido um reflexo de sua conhecida sensibilidade.
O fato é que Einstein conhecia uma pessoa que poderia ajudá-lo: um brilhante jovem formado na Universidade de Berlim chamado Leo Szilard.
Szilard era um especialista em termodinâmica, a ciência que descreve como o calor se move - e isso é o que faz uma geladeira funcionar.
E, bem, não se rejeita um pedido de parceira com Einstein, certo?
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