domingo, 24 de dezembro de 2017

Algoritmos das rede sociais promovem preconceito e desigualdade, diz matemática de Harvard



Eles estão por toda parte. Nos formulários que preenchemos para vagas de emprego. Nas análises de risco a que somos submetidos em contratos com bancos e seguradoras. Nos serviços que solicitamos pelos nossos smartphones. Nas propagandas e nas notícias personalizadas que abarrotam nossas redes sociais. E estão aprofundando o fosso da desigualdade social e colocando em risco as democracias.
Definitivamente, não é com entusiasmo que a americana Cathy O'Neil enxerga a revolução dos algoritmos, sistemas capazes de organizar uma quantidade cada vez mais impressionante de informações disponíveis na internet, o chamado Big Data.
Matemática com formação em Harvard e Massachussetts Institute of Technology (MIT), duas das mais prestigiadas universidades do mundo, ela abandonou em 2012 uma bem-sucedida carreira no mercado financeiro e na cena das startups de tecnologia para estudar o assunto a fundo.

Quatro anos depois, publicou o livro Weapons of Math Destruction (Armas de Destruição em Cálculos, em tradução livre, um trocadilho com a expressão "armas de destruição em massa" em inglês) e tornou-se uma das vozes mais respeitadas no país sobre os efeitos colaterais da economia do Big Data.
A obra é recheada de exemplos de modelos matemáticos atuais que ranqueiam o potencial de seres humanos como estudantes, trabalhadores, criminosos, eleitores e consumidores. Segundo a autora, por trás da aparente imparcialidade desses sistemas, escondem-se critérios nebulosos que agravam injustiças.
É o caso dos seguros de automóveis nos Estados Unidos. Motoristas que nunca tomaram uma multa sequer, mas que tinham restrições de crédito por morarem em bairros pobres, pagavam valores consideravelmente mais altos do que aqueles com facilidade de crédito, mas já condenados por dirigirem embriagados. "Para a seguradora, é um ganha-ganha. Um bom motorista com restrição de crédito representa um risco baixo e um retorno altíssimo", exemplifica.
Confira os principais trechos da entrevista noBBCBrasil

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