quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Dedos de Lúcifer, a rara (e cara) iguaria portuguesa que homens arriscam a vida para colher



Essas iguarias, muito populares em Portugal e na Espanha, são chamadas de "dedos de Lúcifer" por causa de sua aparência bizarra: seus troncos grossos lembram dedos e seus "pés" têm forma de diamante, assemelhando-se a garras.
Os percebes só crescem e se multiplicam em rochedos na chamada zona intermareal do oceano (área entre as marés altas e baixas), onde são alimentados pelo plâncton trazido pelas ondas que quebram. Diferentemente de outros crustáceos, não podem ser cultivados e o mar agitado torna sua colheita perigosa.

Dia de trabalho
Por causa do valor monetário e gastronômico dessas trufas do mar - como às vezes os percebes são chamados -, mergulhadores vão à sua caça assim que as temperaturas ficam mais amenas.
"Mesmo um dia ruim no mar é melhor do que um dia bom no escritório", diz Fernando Damas, um caçador de percebes que largou uma carreira promissora como designer industrial 19 anos atrás para colher a iguaria em tempo integral. "O oceano é cheio de maravilhosas surpresas".

Negócio perigoso
Na Costa Vicentina, um antigo provérbio diz: "Nunca dê as costas para Deus quando mergulhar em busca dos dedos de Lúcifer". O mergulhador João Rosário explica que, nesse caso, Deus se refere ao poder do mar. "Quando você mergulha para colher percebes e ignora a imprevisibilidade do oceano, você provavelmente será ferido ou morto", diz. "Há muitos casos de mergulhadores que batem a cabeça e morrem afogados. Os "sortudos" quebram um braço ou uma perna. Isso sem falar nos cortes provocados pelas pedras".

Diferentes escolas de pensamento
Os percebes podem ser alcançados subindo pelas falésias ou mergulhando de um barco. Não existe consenso sobre qual é a técnica menos perigosa. Quem desce 100 metros pelas falésias por meio de uma corda para colher os crustáceos durante a maré baixa correm o risco de cair ou acabar esmagado contra as rochas pela arrebentação. A alternativa é permanecer a uma distância segura dos penhascos quando a maré está ligeiramente mais alta, e depois nadar em direção ao rochedo, tentando sincronizar cada movimento com o das ondas.


Trabalho em equipe
Os mergulhadores atuam em pares por razões de segurança, e você acaba confiando sua vida nas mãos de seu parceiro, assinala Damas, que vem mergulhando com Tiago Craca nos últimos seis anos. Eles formam a dupla perfeita, compartilhando decisões sobre onde e quando é seguro mergulhar.
"Ele tem a metade da minha idade e já salvou a minha vida, diz Damas. Naquele dia, estava preocupado com outras coisas. Você não pode perder o foco no que está fazendo - é muito perigoso. Eu não vi que meu pé inchou e acabei ficando preso em uma fenda. Felizmente, Tiago percebeu que estava embaixo d'água por muito tempo e veio me buscar".
Click no link e leia matéria completa de Piet van Niekerk BBC Travel    
 



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