Essas iguarias,
muito populares em Portugal e na Espanha, são chamadas de "dedos de
Lúcifer" por causa de sua aparência bizarra: seus troncos grossos lembram
dedos e seus "pés" têm forma de diamante, assemelhando-se a garras.
Os percebes só
crescem e se multiplicam em rochedos na chamada zona intermareal do oceano
(área entre as marés altas e baixas), onde são alimentados pelo plâncton
trazido pelas ondas que quebram. Diferentemente de outros crustáceos, não podem
ser cultivados e o mar agitado torna sua colheita perigosa.
Dia de trabalho
Por causa do
valor monetário e gastronômico dessas trufas do mar - como às vezes os percebes
são chamados -, mergulhadores vão à sua caça assim que as temperaturas ficam
mais amenas.
"Mesmo um
dia ruim no mar é melhor do que um dia bom no escritório", diz Fernando
Damas, um caçador de percebes que largou uma carreira promissora como designer
industrial 19 anos atrás para colher a iguaria em tempo integral. "O
oceano é cheio de maravilhosas surpresas".
Negócio perigoso
Na Costa
Vicentina, um antigo provérbio diz: "Nunca dê as costas para Deus quando
mergulhar em busca dos dedos de Lúcifer". O mergulhador João Rosário
explica que, nesse caso, Deus se refere ao poder do mar. "Quando você
mergulha para colher percebes e ignora a imprevisibilidade do oceano, você
provavelmente será ferido ou morto", diz. "Há muitos casos de
mergulhadores que batem a cabeça e morrem afogados. Os "sortudos"
quebram um braço ou uma perna. Isso sem falar nos cortes provocados pelas
pedras".
Diferentes escolas
de pensamento
Os percebes podem ser alcançados subindo
pelas falésias ou mergulhando de um barco. Não existe consenso sobre qual é a
técnica menos perigosa. Quem desce 100 metros pelas falésias por meio de uma
corda para colher os crustáceos durante a maré baixa correm o risco de cair ou
acabar esmagado contra as rochas pela arrebentação. A alternativa é permanecer
a uma distância segura dos penhascos quando a maré está ligeiramente mais alta,
e depois nadar em direção ao rochedo, tentando sincronizar cada movimento com o
das ondas.
Trabalho em equipe
Os
mergulhadores atuam em pares por razões de segurança, e você acaba confiando
sua vida nas mãos de seu parceiro, assinala Damas, que vem mergulhando com
Tiago Craca nos últimos seis anos. Eles formam a dupla perfeita, compartilhando
decisões sobre onde e quando é seguro mergulhar.
"Ele tem a
metade da minha idade e já salvou a minha vida, diz Damas. Naquele dia, estava
preocupado com outras coisas. Você não pode perder o foco no que está fazendo -
é muito perigoso. Eu não vi que meu pé inchou e acabei ficando preso em uma
fenda. Felizmente, Tiago percebeu que estava embaixo d'água por muito tempo e
veio me buscar".
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Niekerk BBC Travel
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