domingo, 14 de fevereiro de 2021

Gato contra língua afiada

 Não tinha medo de nada - pelo menos era o que ele dizia -, podia ser cascavel, jararaca, elefante, mula sem cabeça, porco espinho, marimbondo e até sapo boi! Nada lhe atemorizava! Ir a um cemitério a meia-noite era um passeio turístico igual a ir à praia de Cabuçu, o que na verdade, é bem mais perigoso. Trabalho pesado era divertimento para aquela massa muscular. Nada de academia, nascera forte e o dia-a-dia ajudara.

Mas temia e tremia quando encarava Rachel (com ch mesmo).  A bonita morena não era grande, nem musculosa, era mulher mesmo, com todos os atributos nos locais exatos, nada além do necessário como ele gostava. Mas, para ser honesto, tinha algo que extrapolava tudo: sua língua, aliada à coragem nos momentos precisos.

Na mão ele não ia, porque ela enfrentava. Ademais a morena tinha enorme habilidade em usar um porrete, coisa que aprendera quando era criancinha, vendo sua santa Mãe, dona Sonia,  enfrentar o pai,  quando este chegava em casa já ultrapassando as doses ou  garrafas da famosa Sapupara.

Língua! O que fazer com uma língua afiada? Às vezes, no armazém onde trabalhava, durante pequenos intervalos, pensava no assunto, mas não achava solução. Gostava da morena, gostava mesmo. Não fosse isso “eu se picava!”. E como dizem que problema é para ter solução ele encontrou.

“Sequestrou” o gato “Sisnando” que era a  maior paixão de Rachel e o escondeu na casa de um  amigo durante três dias de choro da morena. Ai fez a proposta: iria investigar, rastrear, lutar, se fosse preciso como o Minotauro, o monstro do Lago Ness, até mesmo com uma esquadrilha de OVNIS (discos voadores), mas traria o miau. Agora tinha uma coisa: ela guardaria aquele instrumento de tortura, a sua língua!

Dois dias depois chegou “estropiado” roupa rasgada, sujo, “mordendo o rabo da cobra” com o bichano debaixo do braço. Na verdade, seria um bom ator para a TV. Rachel agarrou Sisnando e tome-lhe beijos, correndo para a cozinha onde o manhoso miau ganhou um lauto jantar. Depois de tudo é que agradeceu ao marido que, por certo, havia ido até o Lago Ness para cumprir sua missão. O bom mesmo é que a partir desse dia a paz reinou e Sisnando até hoje é tratado como um rei pelo valente Antônio Bananeira!

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