sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Dá trabalho? Elimina.


O funcionário causou um problema? Demite. O pé está ferido e pode dar gangrena? Amputa. O animal está doente? Sacrifica. A árvore frutífera não está produzindo? Derruba. Essa é a cultura geral no Brasil. Ninguém quer se dar ao trabalho de tentar solucionar um problema. É mais fácil eliminá-lo. Bem que se poderia analisar as causas dos problemas e buscar soluções. Nem sempre dá certo, é claro, mas vá perguntar ao dono do pé que foi amputado se ele não gostaria que tivessem, pelo menos, tentado salvar o seu pé.

É isso que está acontecendo agora com o plano de saúde dos servidores do Estado, o Planserv. O governo identificou problemas e quer limitar o uso do plano, quase que determinando quando o servidor pode adoecer ou não. Os abusos por parte dos usuários do plano já são observados há muito tempo.

Segundo informações, há usuários que fazem consultas médica e exames de forma abusiva, apenas com o objetivo de faltar ao trabalho. Muitos sequer vão buscar o resultado dos exames. Foi até apontado um caso de um servidor que fez quase duzentas consultas médicas em apenas um ano. Um caso mais grave foi o de um homem que foi atendido em um hospital usando o Planserv e faleceu. Foi então que se descobriu que ele estava usando o plano do irmão.

Tais abusos levaram o governo a tomar a atitude que deverá ser votada na Assembléia Legislativa, limitando o uso do plano por parte dos usuários. Há muita discussão sobre o assunto, até porque muita gente será prejudicada por conta dos erros de alguns. Ou seja, paga o justo pelo pecador. O governo está adotando medidas sem se dar ao trabalho de discutir e avaliar a situação. Tá dando problema? Elimina.

Para um governo que sempre disse ouvir as comunidades envolvidas antes de adotar quaisquer medidas, como convém à democracia, este está agindo de forma ditatorial. Não acredito que não haja soluções plausíveis e moderadas de resolver a situação. Aliás, uma das propostas foi a de se passar a cobrar a consulta do usuário sempre que ele fizer uma consulta ou exame e que nenhum mal seja diagnosticado. Certamente o malandro iria pensar duas vezes antes de se fingir de doente para faltar ao trabalho.

Creio que outras soluções engenhosas poderiam ser encontradas para coibir os abusos, principalmente se os políticos perguntarem aos envolvidos, como médicos e enfermeiros, todo o pessoal envolvido no sistema de Saúde pública, e por que não, entre os próprios usuários do Planserv. Afinal, quem conhece melhor como funciona a máquina, é quem faz uso constante dela.

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