
O próprio Chico lembra que no Ferroviário do Ceará tinha uma linha frente formada por Redondo, Peru e Cacetão. Aqui na Bahia, no Ideal de Santo Amaro tinha um ponta direita que atendia pelo carinhoso apelido de Piroca. No Fluminense de Feira, de Onça, e no Bahia de Feira tinha Hélio Abacate. E as torcidas provocavam. A do Bahia dizia que “no Fluminense tem uma Onça e dez veados”. A do Fluminense respondia que no Bahia tinha “um Abacate e dez abacaxis”.

Por essas e outras, quando aparece um jogador com nome estrangeiro todo mundo dá valor. Pode ser um perna de pau, mas se tiver um nome bonito já passa a ser assediado até pela imprensa. E olha que tem narrador esportivo e repórter de pista que não sabe sequer falar bem o vernáculo, mas faz bocas e gestos para dizer o nome do craque forasteiro.
Foi assim que, segundo me contaram, uma equipe de uma emissora de uma cidade do interior daqui da Bahia se deslocou, com muito esforço, para o interior do Ceará, onde uma equipe baiana iria enfrentar uma equipe cearense pela Série D do Campeonato Brasileiro. Minutos antes da partida o repórter de pista foi pegar a escalação dos times e viu que na equipe adversária havia um jogador chamado “Dirran”.
E logo vieram os comentários: “Tá vendo aí. Aqui no interior do Ceará tem até jogador francês. Onde estão os nossos cartolas, os nossos empresários, que não investem para que nossas equipes possam ter bons jogadores”?

E por aí foi. Findo o jogo, o repórter de pista corre para entrevistar os jogadores e procura logo quem? Dirran, é claro. Depois de colher a opinião do craque ele não se contem e pergunta; Mas Dirran, me diga aí. Você é francês mesmo, descendente de francês ou o que? Porque esse seu nome francês?
E Dirran explicou em fluente “Nordestinês”: “Não rapaz. Meu nome de nascença é Severino, mas quando era menino me deram o apelido de ‘Cú de Rã’. Como não pode dizer palavrão no rádio, ficou só De Rã” mesmo.
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