O educador e poeta José Maria Nunes Marques nasceu em
Salvador, em 09 de março de 1931. Graduado pela Universidade Federal da Bahia
(UFBA) como Bacharel em Direito, foi casado com Zélia Caribé Nunes Marques por
mais de 50 anos. Foi o primeiro diretor da Faculdade Estadual
de Educação de Feira
de Santana (1968), Secretário de Educação e Cultura de Feira de Santana em 1971,
sendo também um dos fundadores e reitor da Universidade Estadual de Feira de
Santana (UEFS),
assumindo o cargo por dois mandatos consecutivos no período entre 1979 a 1987.
José Maria Nunes Marques dedicou a vida
à causa da educação em Feira de Santana, iniciando em 1960 como diretor da
Escola de Menores. Além dos cargos já citados, em 1964 foi nomeado diretor do
Ginásio Municipal Joselito Amorim. Era membro honorário da Academia de Educação
de Feira de Santana.
Depois de ser acometido pela doença de Alzheimer,
sua esposa e suas 4 filhas, decidiram editar alguns livros com poemas,
crônicas, artigos e diversos textos produzidos por Jose Maria durante sua vida
como educador. Primeiro um livro de crônicas, A Magia do Silencio, depois O Eu
Lírico, um livro de poemas. Em 2007 foi lançado Educar, onde pode-se conhecer
parte da história da educação em Feira de Santana.
José Maria faleceu em 5 de julho de 2009,
no município de Lençóis onde passou a residir desde que se aposentou em 1988. A
missa de corpo presente e a cremação foram realizadas no Cemitério Jardim
da Saudade, em Salvador. Em maio de 2006, a UEFS prestou homenagem ao ex-reitor
com o lançamento do DVD Memorial de José Maria Nunes Marques. Trata-se de uma
amostragem biográfica e iconográfica que abrange a trajetória de vida e a
gestão de Marques à frente da Instituição. A solenidade fez parte das
comemorações pela passagem dos 30 anos da UEFS. Na oportunidade, foi relançado
o livro de crônicas A Magia do Silêncio, de autoria de José Maria Marques, que tem na capa, um detalhe do
quadro “Lago Noturno”, de Gil Mário, simbolizando a magia que envolve uma noite
silenciosa. Internamente, uma ilustração de Juraci Dórea, como que anunciando a
placidez do sertão.
Também foram expostos objetos pessoais do ex-reitor.
A Magia do
Silêncio

“Tudo resolvido? Não e não... encontrávamo-nos
diante de um manancial, um inesgotável horizonte – percepções, reticências,
admirações. Tudo poderia ser editado, mesmo com a exigência inerente a uma
seleção qualitativa, por ser a exigência o selo, o sinal, ambos, presença forte
nos dedos e no pensar, e na escritura do autor. Não trafegar em linhas passadas
significaria perdermos a consciência do movimento silente que, em sua
cosmovisão, antecede a construção da palavra. Nele, o silêncio sempre se fez
uma constante, uma definição existencial, proposta filosófica, não simplesmente
para escrever, mas, sobretudo, para viver, representando uma necessidade maior”.
“Identifica-se assim com Rainer Maria Rilke: ...
levanta-se um silêncio e a novidade, que ninguém conhece, se ergue aí, calada,
no meio. – e ainda: Uma obra de arte é boa quando nasceu por necessidade. - Silêncio
guardado no âmago, esperando o justo momento para jorrar, como uma fonte
criadora. Rilke, guardião da interioridade, intérprete dos mistérios da vida e
da morte. José Maria, admirador e seguidor do poeta, ao manifestar-se sóbrio,
calado, lançando palavras oriundas do longe, da solidão. Tão poucas as que
foram jogadas, confirmando seu distanciamento das recompensas exteriores, das
glórias efêmeras: - E foi um contraste,
no quarto de despejo em penumbra, tanta luz de lembrança, certificando o que já
disse o poeta, que em nenhum lugar está o mundo, senão dentro. (“Papéis
velhos”, p. 123).
“Na Princesa do Sertão, lugar de tantas realizações
pessoais e profissionais, é que José Maria se fortalece em seu processo
criativo, mergulha fundo e traz à tona riquezas preservadas – na solidão (não a
patológica), mas a do recolhimento em si mesmo (céu de silêncio). No autor,
José Maria Nunes Marques, reina, hoje, absoluto silêncio, que o situa acima do
bem e do mal. Figurando um monge, caminha, sereno, pelas veredas que ele
próprio traçou, rumo ao bosque, para entregar-se ao cuidado das sempre
renovadas acácias amarelas”.
(Trechos extraídos do texto de
Raymundo Luiz de Oliveira Lopes e Maria da Conceição de Oliveira Lopes, publicado
no livro “A Magia do silêncio”/ UEFS – 2004).
Um comentário:
Bom dia, colega, muito obrigado pela divulgação do livro de José Maria Nunes Marques, "A Magia do Silêncio". Grande abraço!
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