No dia 7 de setembro, o Brasil celebra o Dia da Independência. O Brasil
canta um canto que um dia proclamou uma verdade e hoje apenas acalenta um
sonho: o de ver a pátria livre das dependências externas e internas. O sonho de
ver raiar a liberdade no seu horizonte.
O BRASIL canta este canto e celebra o Dia da Independência num
momento de crise, em que os homens de bem do mundo da política se angustiam por
serem equiparados aos desonestos que provocaram a crise; e os homens de bem
fora do mundo da política parecem não encontrar outra definição para a política
que não seja aquela que a identifica com bandalheira, com sujeira.
DE REPENTE, parece que o Brasil começa a trilhar caminhos novos. De
repente, parece que velhos conceitos cristalizados na cabeça do povo começam a ser
revistos. De repente, refrões que afirmam que política é sinônimo de
desonestidade e que cadeia é só para os pobres começam a soar falsos. Serão
apenas aparências? Serão apenas vãs esperanças?
FICA o sonho de que a cultura do “rouba mas faz”, a cultura do
coronelismo que domina os pobres em troca de favores, a cultura do “vale tudo”
para permanecer no poder, seja
substituída pelo respeito profundo ao povo, pelo respeito ao que é público,
pelo culto à honestidade, à transparência na condução da coisa pública. Fica o
sonho de que a Família, as Igrejas, a Escola, assumam o papel de educadores, de
transmissoras dos valores morais e éticos que sempre tiveram.
É BOM SABER que da
perplexidade, da decepção e da indignação se está passando para a reflexão e da
reflexão para a ação. Todos queremos punição para os desonestos. Todos queremos
que a punição inclua também a devolução ao povo daquilo que foi tirado do povo.
Todos queremos também que o Brasil de uma vez por todas entre nos trilhos. Há
muito que fazer para que o nosso povo seja feliz.
HAVERÁ um dia em que o 7 de setembro será só para festas. Este é
mais um sonho. Sonho que se concretizará quando não se ouvir mais, por não ser
mais necessário, nenhum grito de excluído clamando por trabalho, terra, comida,
saúde, segurança, fim da violência, respeito à dignidade da pessoa. Deus
abençoe o nosso Brasil. A Mãe Aparecida interceda por nosso povo para que
aconteça a paz social que ele tanto espera.
+ Itamar Vian
Arcebispo Metropolitano
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