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Objetivo é permitir que usuários meçam presença da erva antes de dirigir e exercer atividades de risco |
Uma empresa francesa lançou um
teste de urina para medir a presença de maconha no organismo, que está
sendo vendido em tabacarias em todo o país e também distribuído em
algumas escolas por profissionais da área de saúde.
Segundo Marc Elie, proprietário da Elicole, que
desenvolveu o Cannabis Verdict, o teste de detecção da maconha é uma
novidade mundial.
O teste tem usos variados: permite
que usuários motoristas possam verificar se há resíduos da droga no
corpo, mas também pode ser usado por escolas ou empresas para saber se
um aluno ou um funcionário consumiram maconha. O consumo da droga é
proibido no país.
O produto foi lançado recentemente no Canadá e
deverá chegar em breve ao Estados Unidos, onde já recebeu as
autorizações necessárias para a venda. Ele também deverá ser distribuído
em países da América do Sul, disse Elie à BBC Brasil.
O Cannabis Verdict é um teste de urina e o
resultado demora no máximo 15 minutos para ser revelado. O preço é de
3,50 euros (cerca de R$ 11).
O kit inclui ainda um livro de 24 páginas, com
informações sobre riscos à saúde e a legislação internacional em relação
ao uso de drogas.
Na França, 100 mil testes de maconha já foram
vendidos desde o lançamento, em fevereiro. Cerca de 7 mil tabacarias em
todo o país vendem o produto atualmente, segundo o proprietário da
Elicole.
"Estamos trabalhando também com a rede de
ensino. Enfermeiras de colégios e liceus franceses utilizam o teste como
uma ferramenta de prevenção", afirma.
O Cannabis Verdict é destinado aos fumantes
esporádicos de maconha, estimados em 4 milhões de pessoas na França, de
acordo com o Observatório Francês de Drogas e Toxicomanias.
Isso porque resíduos de THC
(tetrahidrocanabinol, a substância ativa da maconha) podem permanecer de
24 a 96 horas no organismo do fumante, diz Elie. Ou seja, o resultado
de um consumidor regular será sempre positivo.
Motoristas

Cannabis Verdict é um teste de urina e resultado demora no máximo 15 minutos
O teste de maconha visa principalmente a
segurança nas estradas. O objetivo é saber rapidamente se há resíduos de
THC no organismo, para o caso de um eventual controle policial.
"Uma pessoa pode dar apenas dois tragos em um
baseado e ter resíduos de THC no organismo durante quatro dias.
Diferentemente do álcool, em que há um limite autorizado, no caso da
maconha basta que o resultado seja positivo para ter implicações
judiciais", afirma Elie.
"É uma maneira de se autocontrolar e também se responsabilizar em relação ao consumo da maconha", afirmou à BBC Brasil.
Na embalagem do Cannabis Verdict está escrita a frase "a sua vida é preciosa. Faça o teste antes de pegar o volante".
Na França, um motorista com resíduos de THC no
sangue perde seis pontos na carteira, sofre multa de € 4,5 mil (quase R$
14 mil) e pode ser condenado a dois anos de prisão. Isso quando não há
acidente. Se houver, a pena é de dez anos de prisão.
O teste de maconha também visa profissionais que
exercem atividades de risco, como pessoas que trabalham em alturas e
motoristas de caminhão, por exemplo.
Na França, uma empresa tem o direito de fazer
regularmente testes de controle, como o bafômetro, em trabalhadores que
exercem funções com risco de acidentes.
De acordo com a missão interministerial Contra
as Drogas e Comportamentos de Adição, do governo francês, 20% dos
trabalhadores do país utilizam psicotrópicos (que agem no sistema
nervoso central), como álcool, maconha, cocaína e outras substâncias,
incluindo medicamentos, como antidepressivos.
A Elicole, que desenvolveu o Cannabis Verdict
(fabricado por um laboratório alemão), atua na área de prevenção contra
as drogas por meio de palestras e cursos em grandes empresas e escolas
francesas.
Elie, seu fundador, cumpriu, há 20 anos, pena de
prisão por tráfico de drogas. "Fui ajudado por um procurador que havia
atuado em casos internacionais, como o do traficante Pablo Escobar",
conta.
Ele responde a críticos que dizem que o produto
poderia facilitar ou mesmo incitar o consumo, dizendo que "pelo
contrário, o objetivo é conscientizar as pessoas para não ter
comportamento de risco no volante nem no trabalho e lançar debates a
respeito". (BBCBrasil)
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