Um menino
chega para uma amiga e comenta que está com dores na virilha. A menina,
vermelha de vergonha, fica sem jeito e vai embora. Hoje, essa cena não faria o
menor sentido, mas, no século XIII, essa seria a reação esperada. A palavra
“virilha” não era lá um termo muito educado para se dizer a uma donzela. Da
mesma forma, muitas outras palavras surgiram com uma conotação sexual ou chula
e, hoje, são empregadas no dia a dia sem o menor pudor. Conheça algumas.
Virilha
Na Idade
Média, era tida como palavra obscena, pois deriva do latim virilia, nome
dado às partes sexuais do homem. Com o passar do tempo, e pela proximidade
anatômica, a palavra comportou-se e passou a designar os músculos localizados
na junção da coxa com o tronco.
Esculhambar
Vem do termo
“colhão” (testículo) e apareceu com esse sentido no final do século XIII. Há
também estudiosos que afirmam que o vocábulo foi oriundo de “ânus”, daí a
palavra ter, na segunda sílaba, um sinônimo mais vulgar para o termo. O
processo pelo qual esse verbo deixou seu passado chulo é pouco conhecido.
Atualmente, a palavra é sinônimo de avacalhar, desmoralizar, ridicularizar.
Bacana
A teoria mais
conhecida sobre o passado desse vocábulo afirma que bacana se originou da
palavra bacanal – festa pouco comportada em homenagem a Baco, deus do vinho na
Roma antiga. A palavra seria o feminino de bacano – ou seja, um termo utilizado
para designar as mulheres que participavam das bacanais. Outra corrente admite
“bacana” como uma variante de macana, uma arma parecida com uma clava usada
pelos índios taínos, do Haiti. De macana surgiu o derivado “macanudo”, com
sentido de “grosso como um tacape”, que depois passou a significar “grande” e
“extraordinário”.
Babaca
Usado, em
tempos antigos, como sinônimo chulo do órgão sexual feminino. Babaca vem do
latim balbu, originalmente gago, que deu em bobo, sendo boboca e babaca
algumas de suas derivações. Babaquice, hoje o mesmo que besteira ou asneira,
era o termo utilizado para indicar “o gosto de focinhar a babaca”, como
registra o Dicionário de Termos Eróticos e Afins, de Horácio de Almeida
(Editora Civilização Brasileira, 1981).
Coitado
Há
contradições sobre a origem desse vocábulo. Alguns especialistas acham que vem
de coito (ato sexual). Eles acreditam que a palavra tenha se originado do latim
coitus – união, cópula –, que se mesclou com o particípio do verbo coagere,
coactus. Esse verbo (que significava “juntar”) seguiu vivo no espanhol
com os verbos coger e agarrar, que vulgarmente indicam o ato
sexual. Para essa teoria é possível que exista a relação de coitado com
desgraçado – afinal, antigamente o ato sexual era usado metaforicamente para
designar desgraça e aflição das donzelas que perdiam a virgindade. Mas,
atenção! Para a maioria dos conhecedores da língua portuguesa, essa teoria está
furada. Segundo eles, coitado vem de coita – palavra presente nos dicionários
atuais e que manteve seu sentido original como sinônimo de desgraça, aflição,
pena ou mal. E que não tem nada de obsceno.
Aporrinhar
A mesma coisa
que apoquentar ou aborrecer. O termo surgiu no final do século XIX e é um
vocábulo que faz parte do grupo dos descendentes da palavra “porra”, tais como
pô, porrada (grande quantidade ou pancada), esporro (bronca, na linguagem
coloquial) e porra-louca (pessoa sem noção de responsabilidade). Todas elas
perderam a conotação sexual que sua palavra de origem mantém até hoje. “Porra”,
definida nos dicionários como esperma ou pênis, é um termo antigo que
significava “clava com saliência arredondada num dos extremos”. Por ironia do
destino, o vocábulo, até o século XV, estava longe de fazer parte do clã dos
palavrões e do vocabulário chulo. Ele servia para designar um cetro
eclesiástico usado por autoridades da Igreja durante procissões e outras
cerimônias.
Recuar
Não é preciso
muita imaginação para decifrar de onde provém esse vocábulo, sinônimo de
hesitar e retroceder. A palavra é derivada do latim reculare, assim como
os termos recular (espanhol), rinculare (italiano) e reculer
(francês), todos com origem datada do século XVI. Recuar é literalmente ir com
o ** para trás (os asteriscos designam uma palavra de duas letras que talvez
fosse melhor representada por um asterisco só). É também a ação de evitar ser
acuado, isso é, ser ameaçado de tomar naquele lugar. (SuperIntreressante)
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