
Há, também, a imigração, que muitos
julgam resultar em perda da identidade do povo, perda de vagas de trabalho,
sobrecarga do sistema de saúde. Tudo isto resulta na sensação de
perda de poder do império americano, nação que sempre ocupou o lugar de xerife
do mundo.
Ao lado da desigualdade social que
tem se acentuado, não se pode subestimar a capacidade de comunicação de Trump,
que manipulou seu discurso percebendo que havia um público específico para
isto, diante de uma adversária absolutamente indigna de confiança como revelam
os e-mails vazados sobre ela e herdeira da política de Obama que gerou a
situação atual.
A combinação de certa convulsão social,
insegurança econômica, medo da violência, criam o ambiente estrutural preciso
para que as pessoas busquem a mudança através de um líder forte, que parece
autêntico, com defeitos iguais aos eleitores, corajoso, que diz o que pensa,
parecendo responder aos anseios das pessoas, e que apelou
ao nacionalismo prometendo recuperar a grandeza do país. Não há
surpresa no surgimento do cavaleiro solitário salvador da pátria.
Trump tem todos os defeitos que lhe são
apontados, mas tem a habilidade -ou esperteza- comercial que o fez bilionário e
sabe que a América é negócio. A paz é negócio. Não é a toa que já
abandonou o discurso caricato, agressivo, e fez um apelo a conciliação.
Trump fará negócios - para o bem e para o mal- mas negócios e estes negócios,
talvez, equilibrem mais o mundo do que esperamos. No intervalo causará
estragos na agenda, digamos, mais progressista, mas sabe o
que quer ganhar, ao contrário da Hillary, que incorpora o pior da dissimulação.
A surpresa com a vitória deriva da
escravidão e cegueira intelectual com a agenda dos Democratas, mais do que o
olhar objetivo sobre os fatos. Trump não é o melhor do que podíamos ter, mas não
será o apocalipse que estamos apostando, embora certos grupos não venham a ter
vida fácil.
O mundo já está no fio da navalha. Não
será Trump que o levará para lá.
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