
Claro
que incêndios deviam acontecer, causados por raios, mas não havia
domínio de sua produção até que um Homo Jobs da vida friccionou duas
madeiras, ou uma pedra na outra, antes de acertar o inimigo e produziu
uma faísca. Por não ter patenteado a descoberta ela rapidamente
disseminou-se pelas redes sociais da época. Esta descoberta permitiu ao
homem iluminar as noites sem luas, proteger-se dos predadores,
aquecer-se e, sobretudo, fazer um churrasquinho na laje das cavernas ,
aumentando o consumo de proteína animal , que foi fundamental para nosso
crescimento cerebral e evolução da espécie até chegar na Juliana Paes.
Esta teoria do desenvolvimento tem sido contestada diante do
comportamento de certos humanos e músicos que vagam por aí claramente
em fase Pré- Paleolítica, mas, não devemos nos abater se alguns ainda
não foram aquecidos à temperatura ideal.
Desde então o fogo
tornou-se essencial, da celebração de rituais e produção do aço, ao
canibalismo das periguetes cada vez mais fogosas. O fogo está
incorporado, simbolicamente, ao nosso imaginário, às divindades , em
todos as religiões. Aliás, não foi a toa que Prometeu o roubou dos
Deuses para entregá-lo aos homens e, por isso, foi preso a um rochedo
com o fígado sendo devorado todos os dias só para lembrar que quem
brinca com fogo faz xixi na cama. Em verdade, esta foi só mais uma
tragédia na qual a ONU não fez nada, como, aliás, acontece em muitas
outras ao redor do mundo.
A fogueira, por sinal, sempre nos
remete a uma reminiscência tribal, pagã, e ritualística. Confesso que,
eu mesmo, tenho devoção por elas e por isso me causa imenso prazer andar
pelas cidades do interior, no São João, e ver uma fogueira diante de
cada caverna, ou melhor, casa.
Neste período, menino, volto a
minha roça e aldeia. Meu pai, homem obsessivo pelo trabalho, tinha uma
única exceção com festas, feriados ou aniversários: o São João. A
fogueira queimava do São João ao São Pedro e era feita com troncos
secos de Jaqueira ou Cajueiro que eram puxados até a porta por um Carro
de Boi e, depois, em uma Rural. Maior, recordo-me que rachava umas
lenhas com o machado para facilitar o trabalho. Com o tempo ele passou
a me dar o querosene e fósforos - minha vantagem em relação ao Homo
Erectus- e eu, me sentindo importante, a acendia. Fazíamos compadres e
comadres arrodeando a fogueira e eu aprendia como é que o fogo arde nos
corações.
Todos os anos, ou até quando eles aceitaram, sem
ameaças de rebelião ou morte, levei meus dois filhos para a roça e
fizemos do correr das cobrinhas, do colorido das chuvas de prata e de
olhar nos céus a magia dos desenhos coloridos dos foguetes, o elo
invisível de meu pai com meus filhos, ao redor do fogo , naquilo que
chamamos família.
E , esta crônica, é só pra pedir a vocês,
filhos, se uma hora me lerem, que não deixem de cortar a lenha, de
apanharem os fósforos, ou sei lá, um maçarico cibernético, para acender
a velha fogueira e me deixarem ficar com os filhos que serão seus, ali,
todos juntos, iluminando o caminho da última escuridão com o Fogo de
Prometeu.
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