segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Crônica de segunda

 João Bostinha vai à pesca

João Bostinha é um cara muito espirituoso e bonachão. Vive sempre alegre, biritando, cantando e tocando violão. Às vezes ele extrapola na farra e o resultado é sempre briga com a mulher. Certo dia o encontrei na rua, de manhã, ainda cedo. Estava de “virote”. Com a maior cara de pau me pediu para levá-lo em casa.

“Quer dizer você apronta, perde a ‘moral’ em casa e quer que eu perca a pouca credibilidade que ainda tenho com a comadre?” - Questionei.

Ele me convenceu dizendo que não precisava dizer que estava comigo, bastava dizer que lhe tinha dado uma carona.

Tomei coragem o fui levá-lo em casa. Quando lá chegamos, a comadre estava com a cara amarrada, e os olhos ainda vermelhos de chorar, preocupada que passou a noite sem saber onde estava o marido. Ele foi entrando em casa, como se nada tivesse acontecido: “Diga aê, bem”!

“Bem longe”! Gritou ela, e eu fui tratando de me mandar, antes que sobrasse pra mim. Mas ele não toma jeito. Continua aprontando. Um dia, sentado numa mesa do Boteco do Vital, ele soltou uma piada para uma jovem que ia passando. A menina, atrevida, parou e lhe disse uns desaforos: “Onde já se viu, um sujeito desses, que além de velho é feio, procurando graça comigo que podia ser sua filha ou neta”?

E João, sem perder a esportiva: “Você tá é botando defeito na mercadoria pra poder levar mais barato...” .

Ele sempre tem a resposta pronta, na ponta da língua. Certo dia ele saiu de casa dizendo à mulher que ia pescar. Na verdade, caiu foi na farra. Na hora de voltar pra casa, passou numa peixaria e comprou uns peixes frescos. Quando chegou em casa, foi logo mostrando pra mulher: “Olha bem, o que eu pesquei”.

A madame, experiente dona de casa, questionou:

- Ô João, tu não disse que ia pescar no açude de uma fazenda?

- E fui, não tá vendo os peixes aí?

- Mas esses são peixes de água salgada, eu não sabia que dava também em açudes.

- Ah, minha filha. É que o dono da fazenda é maluco. Resolveu que só ia criar peixes de água salgada e mandou botar cinco caçambas de sal no açude...

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